Mulher condenada a restituir R$ 3,7 milhões após fraudar pensão militar por 33 anos
Ana Lúcia Umbelina Galache de Souza alterou documentos para se passar por filha de ex-combatente da Segunda Guerra Mundial.
A Justiça Militar condenou Ana Lúcia Umbelina Galache de Souza a restituir R$ 3,7 milhões ao Exército Brasileiro, após comprovar que ela fraudou um benefício previdenciário por 33 anos. A mulher, que se fez passar por filha de Vicente Zarate, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, foi condenada em um processo que revelou a magnitude da fraude, que se estendeu de 1988 até 2021.
Ana Lúcia, que na época tinha apenas 15 anos, alterou documentos para assumir a identidade de Ana Lúcia Zarate. Com essa manobra, ela conseguiu requerer uma pensão junto à Seção do Serviço de Inativos e Pensionistas do Exército, alegando ser filha do falecido militar. O golpe foi mantido em segredo até que uma denúncia feita por sua avó, Conceição Galache, em 2021, desencadeou as investigações.
A avó de Ana Lúcia, insatisfeita com a divisão dos valores recebidos, decidiu denunciar a neta à Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, revelando a fraude. Em depoimento, Conceição confirmou que Ana Lúcia era, na verdade, sobrinha-neta do ex-combatente e não tinha direito ao benefício, que é reservado apenas a cônjuges ou descendentes diretos de militares falecidos.
O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Justiça Militar conduziram uma investigação que confirmou a irregularidade na concessão da pensão. O relator do caso, ministro Walton Alencar Rodrigues, destacou que Ana Lúcia tinha plena consciência da falsificação e da ilegalidade de suas ações. Durante os interrogatórios, ela admitiu que utilizava o nome falso apenas para questões relacionadas à administração militar e à pensão.
A decisão da Justiça Militar foi unânime e incluiu a condenação de Ana Lúcia a três anos de prisão, além da devolução dos valores recebidos indevidamente. A pensão, que variou ao longo dos anos, chegou a ser de aproximadamente R$ 8 mil mensais antes da descoberta da fraude.
O caso levanta questões sobre a segurança e a fiscalização na concessão de benefícios militares, especialmente considerando que, em 2018, cerca de 180 mil filhas de militares ainda recebiam pensões no Brasil. A Advocacia-Geral da União (AGU) estima que a despesa com esses benefícios pode totalizar R$ 4 bilhões até 2060.
Agora, Ana Lúcia enfrenta as consequências de suas ações fraudulentas, com a Justiça reafirmando a necessidade de restituir o montante indevidamente recebido ao longo de mais de três décadas.
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