Maduro, que aplicou golpe na eleição na Venezuela, critica tentativa de golpe no Brasil
Nicolás Maduro expressa solidariedade a Lula, ironizando a situação política no Brasil após suas próprias ações golpistas.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, conhecido por sua postura autoritária e por ter aplicado um golpe nas eleições de seu país, manifestou nesta segunda-feira (2) sua “solidariedade” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração de Maduro ocorre em meio às investigações da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe que teria como alvo a posse de Lula em 2022.
Maduro afirmou: “Toda solidariedade ao presidente Lula até que sejam descobertos esses planos violentos e macabros contra ele”, referindo-se ao relatório da Polícia Federal que aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro como envolvido na trama. A ironia das palavras de Maduro não passa despercebida, considerando seu histórico de repressão e manipulação eleitoral.
O ditador venezuelano pediu ainda ao povo brasileiro que “cuide do seu presidente, que é um grande homem”. Essa declaração contrasta com a realidade política da Venezuela, onde Maduro tem sido criticado por sua reeleição controversa em julho, cercada de denúncias de fraudes e repressão à oposição.
Segundo o relatório da Polícia Federal, Bolsonaro teria “pleno conhecimento” de um plano para assassinar Lula, que venceu as eleições de outubro de 2022. O documento foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que agora decidirá sobre possíveis indiciamentos.
“Entendo perfeitamente essas notícias que chegam do Brasil, porque aqui somos vítimas do mesmo”, acrescentou Maduro, fazendo uma referência à sua própria situação política, onde críticos são frequentemente silenciados e perseguidos.
As relações entre Brasil e Venezuela têm sido tensas, especialmente após o veto do Brasil à entrada da Venezuela nos Brics durante a cúpula do bloco em Kazan, na Rússia, em outubro. No entanto, em uma recente entrevista, Lula descreveu Maduro como um “problema” da Venezuela e não do Brasil, uma afirmação que foi recebida com agrado por Maduro, que se disse “de acordo” com o colega brasileiro.
Essas interações revelam não apenas a complexidade das relações diplomáticas entre os dois países, mas também a hipocrisia que permeia as declarações de líderes que, em suas respectivas nações, enfrentam sérias acusações de autoritarismo e manipulação política.
A situação política na Venezuela, marcada por crises humanitárias e econômicas, contrasta fortemente com a narrativa de Maduro ao se posicionar como defensor da democracia em outros países, enquanto sua própria administração é caracterizada por práticas opressivas.
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