PM de SP registra 46 afastamentos e 2 prisões em meio a casos de violência policial
Governador Tarcísio de Freitas reconhece falhas na corporação após aumento de denúncias de abusos.
A escalada de violência policial em São Paulo resultou na prisão de dois policiais militares e no afastamento de 46 agentes, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O aumento significativo de denúncias, que inclui ao menos sete casos notáveis no último mês, levou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a admitir falhas na atuação da corporação e a rever sua postura em relação ao uso de câmeras nas fardas dos policiais.
No último dia 5, Tarcísio declarou que “errou ao questionar a eficácia das câmeras” e passou a defender a implementação desse equipamento como uma medida essencial para a transparência nas ações policiais. Apesar da mudança de tom, o governador manteve a confiança no secretário de Segurança, Guilherme Derrite, que permanece no cargo, mesmo diante das críticas.
Dados alarmantes da SSP revelam que, entre janeiro e o início de dezembro, foram registradas 784 mortes em decorrência de intervenções policiais. Este número é um indicativo da crescente letalidade da polícia, com 496 mortes registradas apenas entre janeiro e setembro de 2024, o maior índice desde 2020. Essa tendência acentuada interrompeu a curva de queda de mortes pela PM, que havia sido observada após a introdução das câmeras corporais.
Entre os casos mais graves que levaram aos recentes afastamentos e prisões estão agressões a civis e fatalidades. Um dos episódios mais chocantes foi a agressão a uma idosa de 63 anos em Barueri, onde 12 policiais foram afastados. Outro caso, envolvendo um policial que atirou um homem de uma ponte, resultou em 12 afastamentos e uma prisão. O vídeo desse incidente, que se tornou viral, gerou indignação pública e uma resposta imediata das autoridades.
Além disso, a SSP anunciou investigações sobre a morte de um estudante de Medicina em um hotel na Vila Mariana, onde o jovem foi baleado por um policial em circunstâncias controversas. O caso está sob análise, assim como a morte trágica de uma criança de 4 anos durante uma ação policial em Santos, que gerou protestos e exigências por responsabilidade e transparência.
Os afastamentos e prisões recentes refletem uma tentativa da SSP de lidar com a pressão pública e a necessidade de reformular a imagem da Polícia Militar, que tem enfrentado crescente desconfiança e críticas por parte da sociedade civil. A expectativa é que o governo tome medidas adicionais para garantir a responsabilização dos agentes e a proteção dos direitos dos cidadãos.
Com o aumento das denúncias, a população aguarda por respostas e ações efetivas que possam reverter essa tendência preocupante de violência policial e restaurar a confiança na corporação.
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