Ministros do Supremo votam por 4 a 0 para negar recurso de Bolsonaro que pedia afastamento de Moraes do caso.
06 de Dezembro de 2024 às 15h14

STF mantém Alexandre de Moraes como relator no inquérito do golpe de Estado

Ministros do Supremo votam por 4 a 0 para negar recurso de Bolsonaro que pedia afastamento de Moraes do caso.

Em sessão virtual realizada nesta sexta-feira (6), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 4 votos a 0 que o ministro Alexandre de Moraes permanecerá como relator do inquérito que investiga um suposto golpe de Estado, articulado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A defesa de Bolsonaro solicitou que Moraes fosse declarado impedido de julgar o caso, alegando que ele seria “parte ou diretamente interessado”, uma vez que teria sido vítima de um plano de assassinato. O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo STF, que considerou as alegações infundadas.

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, destacou que os crimes em questão atentam contra a coletividade, e não apenas contra indivíduos. Em seu voto, Barroso afirmou que a simples alegação de que Moraes seria vítima não justifica seu afastamento, uma vez que “os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado têm como sujeito passivo toda a coletividade, e não uma vítima individualizada”.

Os ministros Edson Fachin, Flávio Dino e Gilmar Mendes acompanharam o voto de Barroso, que argumentou que, se fosse acolhida a tese da defesa, todos os órgãos do Poder Judiciário estariam impedidos de investigar esse tipo de crime, o que comprometeria a justiça. “Logo, se acolhêssemos essa tese, estaríamos inviabilizando a apuração de crimes contra o Estado democrático de Direito”, ressaltou.

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O julgamento teve início nesta sexta-feira e se estenderá até o próximo dia 13. Até o momento, apenas Barroso apresentou um voto por escrito no sistema virtual do STF, enquanto os demais ministros optaram por acompanhar sua posição.

Em decisões anteriores, o STF já havia afastado o impedimento de Moraes em inquéritos relacionados a atos golpistas, considerando que a investigação envolve a proteção da coletividade e não apenas de indivíduos específicos.

A defesa de Bolsonaro argumentou que, ao autorizar a Operação Contragolpe, Moraes reconheceu sua condição de vítima, o que geraria automaticamente seu impedimento. Contudo, Barroso rechaçou essa alegação, afirmando que os fundamentos da defesa não foram apresentados de forma clara e objetiva, o que inviabiliza o conhecimento do recurso.

O próximo passo do julgamento será fundamental para definir não apenas o futuro do inquérito, mas também a relação de Moraes com a investigação, que tem gerado intensos debates no cenário político brasileiro.

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