Sete nações da Europa anunciaram a suspensão dos processos de asilo para sírios, um dia após a derrubada do regime de Bashar al-Assad.
09 de Dezembro de 2024 às 16h51

Países europeus suspendem pedidos de asilo de refugiados sírios após queda de Assad

Sete nações da Europa anunciaram a suspensão dos processos de asilo para sírios, um dia após a derrubada do regime de Bashar al-Assad.

Sete países europeus decidiram suspender as decisões pendentes sobre pedidos de asilo de cidadãos sírios, em um movimento que ocorre logo após a queda do governo de Bashar al-Assad, resultado de uma ofensiva relâmpago liderada por rebeldes. As nações que tomaram essa medida incluem Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Reino Unido e Grécia.

O ministro do Interior da Áustria, Gerhard Karner, informou que foram dadas instruções para “preparar um programa ordenado de repatriação e deportação para a Síria”. A Dinamarca e a Noruega também justificaram suas decisões, alegando que a situação no país se tornou “muito incerta” após a queda do regime de Assad.

A Alemanha, por sua vez, expressou que a incerteza atual impede uma avaliação fundamentada sobre a situação na Síria. A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, anunciou que o escritório federal de imigração e refugiados decretou um congelamento das decisões sobre os processos de asilo em andamento, citando a “incerteza atual” como motivo para essa ação.

Além disso, a França também está considerando suspender os pedidos de asilo de sírios, conforme anunciado pelo Ministério do Interior do governo de Emmanuel Macron. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) pediu “paciência e vigilância” em relação ao retorno dos cidadãos sírios ao seu país, destacando a complexidade da situação.

A chegada de migrantes se tornou uma questão sensível na Europa, especialmente desde a crise migratória de 2015, quando um grande número de refugiados, incluindo sírios, buscou abrigo no continente. O crescimento de partidos ultradireitistas, que utilizam uma retórica antimigração, também contribuiu para a tensão em torno do tema.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

A suspensão dos pedidos de asilo foi anunciada horas após a coalizão de rebeldes, liderada pela organização islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ter tomado Damasco, encerrando cinco décadas de domínio da dinastia Assad. A Síria vive uma guerra civil desde 2011, que resultou em cerca de 500.000 mortos e deslocou metade da população do país.

A Alemanha, que abriga a maior diáspora síria na União Europeia, justificou sua decisão pela “incerteza” que permeia a situação em Damasco. O ministro do Interior austríaco, Gerhard Karner, ressaltou que a “situação política na Síria mudou fundamentalmente”, ao anunciar o programa de repatriação e deportação.

Os casos de pessoas que já receberam asilo serão reavaliados, e a reunificação familiar também será suspensa. Dinamarca, Suécia e Noruega seguiram o mesmo caminho, interrompendo a análise dos pedidos de asilo de refugiados sírios.

O Reino Unido, por sua vez, anunciou que “pausou temporariamente” o processamento dos pedidos de asilo de cidadãos sírios, enquanto a situação atual é avaliada. Na Suíça, onde os pedidos também foram suspensos, o órgão responsável pelas questões migratórias afirmou que não está “em condições de avaliar adequadamente” os motivos para concessão de asilo.

É importante ressaltar que Dinamarca, Suécia, Bélgica, Áustria e Alemanha fazem parte da União Europeia, enquanto Suíça e Noruega são membros do espaço Schengen, que permite a livre circulação entre os países membros. O Reino Unido, que deixou a UE em 2020, não pertence a nenhum dos dois blocos.

Veja também:

Tópicos: