Mecânico condenado por vandalismo de relógio histórico começa a cumprir pena de 17 anos
Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 32 anos, foi sentenciado pelo STF após atos de vandalismo no Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
O mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 32 anos, iniciou o cumprimento de uma pena de 17 anos de prisão em regime fechado, após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação nos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Ferreira foi responsabilizado pela destruição de um relógio histórico do Palácio do Planalto, um artefato francês do século XVII que foi presenteado a D. João VI.
As imagens do ato de vandalismo, capturadas pelas câmeras de segurança do Planalto, geraram repercussão internacional devido à gravidade da ação. Durante o julgamento, realizado em junho, Ferreira foi condenado por diversos crimes, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Além da pena de prisão, o STF determinou que ele pagasse solidariamente R$ 30 milhões em danos morais coletivos.
Ferreira confessou o ato e justificou sua ação afirmando que agiu “em razão da reação dos órgãos de segurança”. Após os eventos, ele fugiu para Uberlândia, em Minas Gerais, onde foi capturado pela Polícia Federal após 16 dias foragido. Atualmente, ele se encontra detido no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia.
O mecânico foi descrito como um militante radical em acampamentos bolsonaristas, que defendiam a intervenção militar após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições. No dia dos atos, Ferreira estava usando uma camiseta com a imagem de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil.
O relator do caso, Alexandre de Moraes, ressaltou que a condenação de Ferreira reflete a seriedade dos ataques e a necessidade de proteger os bens nacionais. Com isso, o STF encerrou o processo, impossibilitando novos recursos.
Restauração e retorno do relógio
O relógio danificado, produzido por Balthazar Martinot, é um dos dois únicos exemplares conhecidos, sendo que o outro se encontra no Palácio de Versalhes, na França. O artefato é confeccionado em casco de tartaruga e bronze, e sua destruição levantou preocupações sobre a preservação do patrimônio histórico brasileiro.
Após os eventos de 8 de janeiro, a Embaixada da Suíça ofereceu assistência ao governo brasileiro, devido ao seu conhecimento na relojoaria. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que a cooperação seria uma “honraria” ao Brasil. O acordo envolveu o ministério, a Presidência da República e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O processo de restauração mobilizou uma equipe de especialistas suíços e brasileiros, incluindo relojoeiros, curadores e artesãos, que se dedicaram a planejar e executar as etapas de conserto do relógio. Em maio de 2023, esses especialistas vieram ao Brasil para avaliar o estado do artefato e, em dezembro de 2023, levaram as partes danificadas para a Suíça.
Após a restauração, o relógio está pronto para retornar ao Brasil. Além de sua importância artística e histórica, o artefato, que chegou ao Brasil em 1808, simboliza a herança cultural do período monárquico. A peça será reinstalada como um símbolo da preservação da memória e da resiliência democrática do país.
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