Iniciativa visa fortalecer ações de segurança pública e será enviada ao Senado para análise
11 de Dezembro de 2024 às 01h42

Câmara aprova projeto que institui cadastro nacional para monitoramento de facções criminosas

Iniciativa visa fortalecer ações de segurança pública e será enviada ao Senado para análise

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (10), um projeto de lei que estabelece o Cadastro Nacional de Monitoramento de Facções Criminosas e Milícias, com o objetivo de reunir informações sobre grupos criminosos em todo o país. O texto, de autoria do deputado Gervásio Maia (PSB-PB), agora segue para o Senado.

O projeto, conhecido como PL 6149/23, foi aprovado com uma redação que incorpora sugestões do relator, deputado Delegado da Cunha (PP-SP). O cadastro será alimentado por dados provenientes de órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de informações do Ministério Público em suas esferas federal, estadual e distrital.

De acordo com a proposta, o cadastro servirá como um instrumento de apoio às ações de segurança pública, inteligência e investigação. O texto define facção criminosa ou milícia como uma organização que possui nome, regras e hierarquia, e que se dedica à prática de crimes como o tráfico de drogas, utilizando violência ou grave ameaça para dominar territórios e desafiar as autoridades.

O deputado Da Cunha destacou a expansão das facções criminosas, citando o Primeiro Comando da Capital (PCC), que conta com cerca de 35 mil integrantes e atua em todos os estados brasileiros e em 26 países. Ele afirmou que “é a primeira máfia da América do Sul” e ressaltou a necessidade de um cadastro que permita um mapeamento mais eficaz dessas organizações.

Durante a votação, foram aceitas duas emendas propostas pelo PSOL. A primeira incluiu o termo “milícia” no texto, e a segunda definiu que um condenado por crimes de organização criminosa também será considerado membro de facção criminosa.

Gervásio Maia enfatizou que o cadastro pode se tornar uma ferramenta valiosa para todos os estados no combate ao crime organizado, afirmando que “o Brasil vive com o crime organizado uma realidade de verdadeiro terror”.

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Conteúdo do cadastro
O cadastro deverá conter informações essenciais, como o nome da facção, os crimes potenciais cometidos por seus integrantes, a localização da principal base de operações e áreas de atuação, além de dados cadastrais e biométricos dos membros. Para que um indivíduo tenha seu nome incluído, é necessário que tenha sido condenado com decisão judicial transitada em julgado por ser parte de uma organização criminosa.

O projeto também prevê que dados complementares, como documentos pessoais, registros criminais, mandados judiciais, endereços e informações sobre transações bancárias, poderão ser incorporados ao cadastro. O acesso a essas informações e as responsabilidades pela atualização e validação dos dados serão definidos em um acordo de cooperação entre a União e os órgãos públicos envolvidos.

Além disso, a proposta estabelece que os dados contidos no cadastro terão caráter sigiloso, e qualquer uso para fins diferentes dos previstos poderá resultar em sanções civis, penais e administrativas.

Os custos para a criação e manutenção do banco de dados serão financiados pelo Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP).

Debate em Plenário
Durante a discussão, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ressaltou a importância da definição clara de quem é considerado membro de facção criminosa, citando a realidade enfrentada no Rio de Janeiro, onde a identificação de facções é uma questão crucial para a vida dos detentos. O deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) defendeu que o combate ao crime organizado deve ser feito com inteligência e integração de informações, em vez de ações violentas que não resolvem o problema.

O deputado Coronel Assis (União-MT) afirmou que a proposta é fundamental para reduzir o sentimento de impunidade no Brasil, enquanto Pompeo de Mattos (PDT-RS) destacou a necessidade de cruzar informações para responsabilizar os culpados.

A expectativa é que o Senado analise a proposta em breve, dando continuidade ao debate sobre a segurança pública no país.

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