Conselho Nacional de Justiça aprova resolução que altera certidões de óbito de vítimas do regime militar
11 de Dezembro de 2024 às 11h03

Cartórios devem reconhecer mortes de vítimas da ditadura como violência estatal

Conselho Nacional de Justiça aprova resolução que altera certidões de óbito de vítimas do regime militar

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, nesta terça-feira (10), uma resolução que altera significativamente a forma como as certidões de óbito de pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar no Brasil são emitidas. A decisão, que coincide com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, estabelece que essas certidões devem reconhecer a causa das mortes como "morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964".

A nova norma permitirá que familiares de vítimas da ditadura solicitem gratuitamente uma versão retificada da certidão de óbito nos cartórios de registro civil. Essa medida visa corrigir o histórico de injustiças e omissões que marcaram o tratamento dado às vítimas e seus familiares ao longo dos anos.

O presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, enfatizou a importância da resolução, classificando-a como "um acerto de contas legítimo com o passado". Barroso destacou que a medida traz um impacto simbólico significativo para as famílias que ainda aguardam um reconhecimento formal do Estado sobre as atrocidades cometidas durante o regime militar.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

A proposta que resultou na resolução foi apresentada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e atende a recomendações da Comissão Nacional da Verdade, que há uma década busca esclarecer e reparar as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, afirmou que essa ação representa um passo importante para a cura da sociedade e a reafirmação do compromisso com a democracia.

Com a aprovação unânime no plenário do CNJ, a resolução marca um esforço coletivo para enfrentar as consequências de um período marcado por graves violações de direitos humanos. A ditadura militar, que se instaurou em 1964, é lembrada por sua repressão sistemática a dissidentes políticos, resultando em mortes violentas e desaparecimentos forçados.

A nova diretriz não apenas reconhece oficialmente que essas mortes foram resultado da repressão estatal, mas também busca trazer dignidade às vítimas e seus familiares, que por muito tempo viveram com a dor da perda sem o devido reconhecimento. O Ministério dos Direitos Humanos ressaltou que essa é mais uma etapa no processo de enfrentamento das feridas deixadas pela ditadura, afirmando que "esta é mais uma retomada pela dignidade daqueles que tiveram seus direitos negados, aviltados e forçosamente roubados".

Veja também:

Tópicos: