A nova proposta permite que alunos levem celulares, mas proíbe seu uso, exceto em casos específicos.
11 de Dezembro de 2024 às 14h25

Câmara aprova projeto que restringe uso de celulares nas escolas brasileiras

A nova proposta permite que alunos levem celulares, mas proíbe seu uso, exceto em casos específicos.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), um projeto de lei que visa restringir o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do Brasil. A proposta foi aprovada por 45 votos a 14 e agora segue para análise do Senado Federal, a menos que haja um recurso para votação no plenário da Câmara.

De acordo com o texto aprovado, os alunos poderão levar seus celulares para a escola, mas o uso dos aparelhos será proibido, exceto em situações específicas, como em casos de emergência, para garantir acessibilidade, inclusão ou atender a condições de saúde dos estudantes.

Essa nova versão do projeto é uma flexibilização em relação à proposta anterior, que proibia o porte de celulares por alunos do ensino infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. O relator da proposta, deputado Renan Ferreirinha (PSD-RJ), destacou que a utilização desmedida de aparelhos eletrônicos pode prejudicar o aprendizado, permitindo que crianças e adolescentes acessem conteúdos sem relevância pedagógica durante as aulas.

Durante as discussões na comissão, alguns parlamentares expressaram preocupações sobre a possibilidade de “doutrinação” nas escolas, argumentando que a proibição do uso de celulares poderia dificultar a defesa dos alunos contra esse tipo de comportamento. A deputada Julia Zanatta (PL-SC) foi uma das vozes que se opuseram ao projeto, defendendo a prática de filmar professores em sala de aula como uma forma de garantir os direitos dos alunos.

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O projeto, que tramita no Congresso desde 2015, recebeu apoio do Ministério da Educação e de diversos parlamentares, tanto da situação quanto da oposição. O ministro Camilo Santana havia anunciado anteriormente a formulação de um projeto semelhante, mas as negociações para a aprovação do texto já protocolado foram aceleradas.

Além das restrições ao uso de celulares, o projeto prevê que as escolas disponibilizem espaços de escuta e acolhimento para alunos e funcionários que enfrentam sofrimento psíquico e mental, especialmente em decorrência do uso excessivo de telas. As redes de ensino também deverão oferecer treinamentos periódicos para identificar e abordar sinais de sofrimento psíquico e os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos.

A medida é respaldada por pesquisas que indicam que a maioria da população brasileira acredita que crianças só deveriam ter celulares a partir dos 13 anos. Segundo um levantamento do Instituto Locomotiva, oito em cada dez brasileiros apoiam a proibição do uso de celulares nas escolas.

Restrições semelhantes já foram implementadas em países como França, Espanha, Finlândia, Itália, Holanda, Canadá, Suíça, Portugal e México. O movimento global em torno da proibição do uso de celulares nas escolas foi reforçado por um relatório da Unesco, que, em junho, recomendou a adoção de medidas para limitar o uso desses dispositivos em ambientes escolares.

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