Americanas aprova ações judiciais contra ex-diretores por prejuízo de R$ 25 bilhões
Acionistas autorizam processo contra ex-executivos após revelação de fraudes contábeis e rombo financeiro.
Os acionistas da Americanas decidiram, em assembleia realizada nesta quarta-feira, 11, autorizar a atual administração da varejista a iniciar ações de responsabilidade civil contra ex-diretores da companhia. A decisão foi motivada por um rombo contábil superior a R$ 25 bilhões, que foi revelado no início do ano passado e que resultou em uma grave crise financeira.
A assembleia, que contou com a participação de 139,8 milhões de votos a favor da ação, 6,8 mil contrários e 5,4 mil abstenções, teve como foco principal a responsabilização de Miguel Gomes Gutierrez, ex-CEO da Americanas; Anna Christina Saicali, ex-CEO da B2W; e os ex-vice-presidentes José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles. Os acionistas aprovaram a propositura da ação em razão dos prejuízos causados à companhia no contexto da fraude contábil e de outros atos ilícitos praticados durante o exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2022.
O escândalo contábil que levou a Americanas a solicitar recuperação judicial foi caracterizado por lançamentos indevidos nas contas da empresa, que incluíam contratos fictícios e operações financeiras irregulares. Em julho, a varejista anunciou um aumento de capital significativo, que resultou na entrada de credores como novos sócios, agora detendo 50,01% das ações da companhia.
O mapa da votação final da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) revelou que a maioria dos acionistas autorizou a ação judicial, que visa o ressarcimento dos prejuízos causados. A decisão foi considerada necessária, uma vez que as contas dos ex-administradores foram rejeitadas, com 49,4 milhões de votos a favor da rejeição, 594,2 mil contrários e 89,9 milhões de abstenções.
Além da autorização para as ações judiciais, a assembleia também aprovou as contas da empresa referentes ao exercício de 2023, que foram apresentadas sem ressalvas pela primeira vez desde o início do processo de recuperação judicial. O relatório da administração, que acompanhou as demonstrações financeiras, apontou um prejuízo de R$ 2,2 bilhões no período.
O Conselho de Administração da Americanas orientou a diretoria a avaliar as medidas que poderiam ser tomadas para proteger os interesses sociais da companhia e buscar o ressarcimento pelos danos sofridos. Os relatórios sobre as investigações foram encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal (PF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No início de dezembro, a CVM absolveu Sergio Rial, ex-CEO da Americanas, de qualquer irregularidade em sua atuação ao revelar as inconsistências contábeis em 2023. Em contrapartida, João Guerra, ex-diretor de Relações com Investidores, foi condenado pela CVM por supostas violações na divulgação de informações relevantes, e sua defesa já anunciou a intenção de recorrer da decisão.
A situação da Americanas continua a ser monitorada de perto, uma vez que a empresa busca se reerguer após a crise e garantir a transparência em suas operações financeiras. A expectativa é que as ações judiciais contra os ex-executivos possam trazer algum alívio financeiro à companhia, que ainda enfrenta desafios significativos em sua recuperação.
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