Yoon Suk Yeol reafirma compromisso de lutar até o fim em meio a crise política na Coreia do Sul
O presidente sul-coreano enfrenta novo pedido de impeachment após declaração de lei marcial; protestos e investigações marcam o cenário político.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, reafirmou seu compromisso de lutar "até o último minuto" em um discurso realizado nesta quinta-feira (12), em meio a uma crise política sem precedentes no país. O pronunciamento ocorreu após a polêmica declaração de lei marcial que ele impôs na semana anterior, a qual provocou reações intensas da população e da oposição.
Na madrugada do dia 3 de dezembro, Yoon decretou uma lei marcial que, embora tenha sido suspensa rapidamente, deixou marcas profundas na política sul-coreana. A medida, que remete a um passado autocrático, gerou uma onda de protestos em Seul, onde milhares de cidadãos se mobilizaram exigindo a saída do presidente. Em seu discurso, Yoon pediu desculpas ao povo, que ficou "surpreso e ansioso devido à lei marcial", mas não hesitou em criticar a oposição, a qual acusou de estar destruindo a ordem constitucional e mergulhando o país em uma "crise nacional".
O presidente, que viu sua popularidade despencar para apenas 13% após o anúncio da lei marcial, enfrenta agora um novo pedido de impeachment, a ser votado no próximo sábado (14) na Assembleia Nacional. Para que o processo avance, a oposição precisa do apoio de oito deputados do Partido do Poder Popular (PPP), que é o partido de Yoon. Na votação anterior, apenas dois deputados do PPP se mostraram favoráveis à destituição, enquanto os demais abandonaram a sessão, o que permitiu que Yoon permanecesse no cargo.
O líder do PPP, Han Dong-hoon, orientou os membros do partido a comparecerem à votação e a decidirem "de acordo com suas convicções e consciência". A pressão sobre Yoon aumentou com as investigações em curso, que o acusam de insurreição, e com a operação policial que busca esclarecer seu papel na primeira lei marcial decretada na Coreia do Sul desde a instauração da democracia em 1987.
As tensões se intensificaram ainda mais quando a polícia tentou realizar uma operação de busca no complexo presidencial, um dia após os guardas de segurança terem bloqueado o acesso dos investigadores ao local. A operação se concentrou no quartel-general do Estado-Maior Conjunto, que, segundo informações, estaria disposto a cooperar com a investigação.
O Partido Democrático, principal legenda da oposição, ameaçou processar os funcionários e a guarda presidencial por obstrução da justiça, caso a situação não se resolvesse. Além disso, a polícia também esteve presente nos quartéis-generais do comando de defesa do Exército, que foi mobilizado durante a declaração da lei marcial.
Até o momento, as forças de segurança prenderam dois policiais de alto escalão e o ex-ministro da Defesa, que teria tentado cometer suicídio na prisão. O PPP, por sua vez, apresentou um plano para a renúncia de Yoon, que, segundo fontes, aceitou delegar seu poder ao líder do partido e ao primeiro-ministro Han Duck-soo.
Yoon, que se destacou como um promotor popular antes de assumir a presidência em 2022, não poupou críticas à oposição, afirmando que a Assembleia Nacional, dominada por eles, se transformou em um "monstro" que ameaça a ordem constitucional da democracia liberal. O presidente também reconheceu que não poderá evitar "a responsabilidade legal e política pela declaração da lei marcial".
Justificando sua decisão, Yoon alegou que a lei marcial foi necessária para enfrentar as "forças comunistas da Coreia do Norte" e eliminar "elementos antiestatais" no país. A situação política na Coreia do Sul continua tensa, com a expectativa de que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias, à medida que a votação do impeachment se aproxima.
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