Instituto Butantan solicita registro de vacina de dose única contra dengue à Anvisa
Imunizante, desenvolvido pelo instituto, pode revolucionar a imunização no Brasil
O Instituto Butantan, renomado centro de pesquisa em saúde pública localizado em São Paulo, protocolou nesta segunda-feira (16) um pedido de registro para sua vacina contra a dengue junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Este imunizante, denominado Butantan-DV, é considerado o primeiro do mundo a ser administrado em dose única, uma inovação que pode transformar a abordagem de imunização contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Se a Anvisa aprovar o uso da vacina, o Butantan estima a possibilidade de disponibilizar até 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos, com a expectativa de que um milhão de doses possa ser entregue já em 2025. Essa agilidade na produção visa atender à demanda crescente por vacinas eficazes e acessíveis para a população brasileira.
O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, destacou a importância desse avanço, afirmando que “é um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história do país e uma enorme conquista em nível internacional”. Ele expressou confiança nos resultados que virão após a análise da Anvisa, ressaltando a relevância de respeitar todos os procedimentos regulatórios necessários.
A vacina Butantan-DV é tetravalente, o que significa que é eficaz contra os quatro sorotipos do vírus da dengue identificados no Brasil, sendo os tipos 1 e 2 os mais prevalentes. A expectativa é que a nova formulação contribua significativamente para a imunização da população, especialmente considerando que o esquema vacinal atual, que exige duas doses, muitas vezes resulta em baixa adesão, com muitas pessoas não retornando para a segunda aplicação.
Os ensaios clínicos da vacina foram concluídos em junho deste ano, e a última fase de testes demonstrou uma eficácia geral de 79,5% na prevenção da dengue após a administração de uma única dose. Os dados foram coletados a partir do acompanhamento de mais de 16 mil brasileiros que participaram do estudo ao longo de dois anos. Durante esse período, nenhum dos participantes apresentou casos graves da doença, evidenciando a segurança e a eficácia do imunizante.
Os resultados dos ensaios foram publicados no New England Journal of Medicine, uma das principais revistas científicas do mundo, o que reforça a credibilidade do estudo. Atualmente, o esquema vacinal contra a dengue no Brasil é composto por duas doses, e a recente incorporação de vacinas ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Saúde, liderado por Nísia Trindade, demonstra o compromisso do governo em ampliar a cobertura vacinal.
Na rede privada, o custo das vacinas contra a dengue varia entre R$ 300 e R$ 800 por dose, o que pode ser um obstáculo para muitos brasileiros. A nova vacina do Butantan, se aprovada, poderá oferecer uma alternativa mais acessível e prática para a população.
A vacina é indicada tanto para pessoas que já tiveram dengue quanto para aquelas que nunca foram infectadas. No entanto, gestantes, lactantes e indivíduos com alergias a componentes da vacina, além de pessoas com sistema imunológico comprometido, não devem ser vacinados. A proposta é que o imunizante não apenas reduza os casos de dengue, mas também diminua as hospitalizações decorrentes da doença, contribuindo para um controle mais eficaz dos subtipos do vírus que circulam no Brasil.
A estratégia de vacinação será complementada por ações de controle do mosquito Aedes aegypti, que continua sendo um dos principais vetores da dengue. A combinação de vacinação e controle vetorial é fundamental para a redução da incidência da doença e para a proteção da saúde pública no país.
Veja também: