Ana Paula Magalhães é citada em mensagens de empresários investigados; operação mira desvio de recursos públicos.
17 de Dezembro de 2024 às 16h23

Investigação da PF apura desvio de emendas com depoimentos de chefe de gabinete de Alcolumbre

Ana Paula Magalhães é citada em mensagens de empresários investigados; operação mira desvio de recursos públicos.

A Polícia Federal (PF) deu início à coleta de depoimentos na Operação Overclean, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos, incluindo emendas parlamentares, através de contratos firmados com prefeituras. Até o momento, 12 pessoas já foram ouvidas, e a chefe de gabinete do senador Davi Alcolumbre (União-AP), Ana Paula Magalhães de Albuquerque Lima, está entre os convocados para prestar esclarecimentos.

Embora Ana Paula tenha seu nome mencionado em mensagens trocadas entre empresários suspeitos de liderar o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, tanto ela quanto Alcolumbre não são alvos diretos da investigação e não foram alvo de mandados de busca e apreensão. A informação foi confirmada por fontes ligadas à operação.

As mensagens que citam Ana Paula revelam discussões sobre uma “transferência para o programa” e uma “proposta de proponente de emenda parlamentar”, relacionadas a projetos do Ministério do Desenvolvimento e Integração Regional, atualmente sob a liderança de Waldez Goes (PDT), um aliado político de Alcolumbre. A PF sugere que Ana Paula poderia ter acesso aos trâmites de emendas parlamentares, uma vez que ela é responsável por organizar as indicações de recursos no gabinete do senador.

O relatório da PF destaca que, devido à sua posição como servidora do legislativo federal, Ana Paula poderia orientar os empresários sobre como vincular propostas parlamentares aos programas do ministério. “Tendo em vista que Ana Paula é servidora do legislativo federal, talvez ela fosse alguém com acesso aos trâmites e capaz de orientá-los para conseguir vincular uma proposta parlamentar ao programa do Ministério do Desenvolvimento e Integração Regional”, diz a representação da PF.

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A investigação também revelou trocas de mensagens que indicam a intermediação de contratos públicos em estados como Rio de Janeiro e Amapá. Inicialmente, a PF concentrou suas apurações em supostos desvios de recursos públicos em projetos do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) na Bahia.

Na última semana, a PF divulgou que apreendeu bens e valores que totalizam R$ 3,4 milhões, incluindo 23 carros de luxo, três lanchas, três aeronaves, seis imóveis de alto padrão, uma caixa de joias e 38 relógios, alguns avaliados em até R$ 800 mil. No total, 16 pessoas estão presas preventivamente, com a Justiça Federal da Bahia também ordenando o sequestro de R$ 162,3 milhões nas contas dos investigados.

Parte do montante apreendido, cerca de R$ 1,5 milhão, foi encontrado durante uma ação monitorada da PF, que acompanhou um jatinho com destino a Brasília. A PF afirma que o valor transportado tinha origem ilícita e seria destinado ao pagamento de propina na capital federal. Além disso, uma planilha com contratos e valores que somam mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá foi apreendida na aeronave.

A Operação Overclean, que investiga a fundo as conexões entre autoridades e empresários envolvidos, tem como objetivo desmantelar um esquema que, segundo as investigações, movimentava grandes quantias de dinheiro através de emendas parlamentares e contratos fraudulentos. A PF continua a apurar os vínculos entre os envolvidos, buscando esclarecer como os recursos públicos foram desviados e quem são todos os responsáveis por esse esquema.

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