Investigação da PF apura desvio de emendas com depoimentos de chefe de gabinete de Alcolumbre
Ana Paula Magalhães é citada em mensagens de empresários investigados; operação mira desvio de recursos públicos.
A Polícia Federal (PF) deu início à coleta de depoimentos na Operação Overclean, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos, incluindo emendas parlamentares, através de contratos firmados com prefeituras. Até o momento, 12 pessoas já foram ouvidas, e a chefe de gabinete do senador Davi Alcolumbre (União-AP), Ana Paula Magalhães de Albuquerque Lima, está entre os convocados para prestar esclarecimentos.
Embora Ana Paula tenha seu nome mencionado em mensagens trocadas entre empresários suspeitos de liderar o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, tanto ela quanto Alcolumbre não são alvos diretos da investigação e não foram alvo de mandados de busca e apreensão. A informação foi confirmada por fontes ligadas à operação.
As mensagens que citam Ana Paula revelam discussões sobre uma “transferência para o programa” e uma “proposta de proponente de emenda parlamentar”, relacionadas a projetos do Ministério do Desenvolvimento e Integração Regional, atualmente sob a liderança de Waldez Goes (PDT), um aliado político de Alcolumbre. A PF sugere que Ana Paula poderia ter acesso aos trâmites de emendas parlamentares, uma vez que ela é responsável por organizar as indicações de recursos no gabinete do senador.
O relatório da PF destaca que, devido à sua posição como servidora do legislativo federal, Ana Paula poderia orientar os empresários sobre como vincular propostas parlamentares aos programas do ministério. “Tendo em vista que Ana Paula é servidora do legislativo federal, talvez ela fosse alguém com acesso aos trâmites e capaz de orientá-los para conseguir vincular uma proposta parlamentar ao programa do Ministério do Desenvolvimento e Integração Regional”, diz a representação da PF.
A investigação também revelou trocas de mensagens que indicam a intermediação de contratos públicos em estados como Rio de Janeiro e Amapá. Inicialmente, a PF concentrou suas apurações em supostos desvios de recursos públicos em projetos do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) na Bahia.
Na última semana, a PF divulgou que apreendeu bens e valores que totalizam R$ 3,4 milhões, incluindo 23 carros de luxo, três lanchas, três aeronaves, seis imóveis de alto padrão, uma caixa de joias e 38 relógios, alguns avaliados em até R$ 800 mil. No total, 16 pessoas estão presas preventivamente, com a Justiça Federal da Bahia também ordenando o sequestro de R$ 162,3 milhões nas contas dos investigados.
Parte do montante apreendido, cerca de R$ 1,5 milhão, foi encontrado durante uma ação monitorada da PF, que acompanhou um jatinho com destino a Brasília. A PF afirma que o valor transportado tinha origem ilícita e seria destinado ao pagamento de propina na capital federal. Além disso, uma planilha com contratos e valores que somam mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá foi apreendida na aeronave.
A Operação Overclean, que investiga a fundo as conexões entre autoridades e empresários envolvidos, tem como objetivo desmantelar um esquema que, segundo as investigações, movimentava grandes quantias de dinheiro através de emendas parlamentares e contratos fraudulentos. A PF continua a apurar os vínculos entre os envolvidos, buscando esclarecer como os recursos públicos foram desviados e quem são todos os responsáveis por esse esquema.
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