A proposta visa reduzir despesas obrigatórias e deve passar por nova votação antes de seguir ao Senado.
19 de Dezembro de 2024 às 18h27

Câmara dos Deputados aprova PEC de corte de gastos em primeiro turno com 344 votos

A proposta visa reduzir despesas obrigatórias e deve passar por nova votação antes de seguir ao Senado.

A Câmara dos Deputados aprovou, na última quinta-feira, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca reduzir as despesas obrigatórias do governo federal. A votação, realizada em primeiro turno, contou com 344 votos favoráveis, superando o mínimo necessário de 308 votos para a aprovação.

A chamada “PEC do Abono” propõe a diminuição gradual do público-alvo do abono salarial do PIS/Pasep, além da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU). A proposta também estabelece a proibição de vincular receitas a despesas que ultrapassem os limites do novo arcabouço fiscal, conforme informações da Agência Câmara Notícias.

Além disso, a PEC aborda questões relacionadas ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e à regulamentação dos chamados super-salários do funcionalismo público.

Após a aprovação do texto principal, a Câmara ainda precisa analisar as emendas apresentadas pelos deputados. Em seguida, a PEC passará por uma segunda votação na Casa antes de ser encaminhada ao Senado.

O governo federal espera que a implementação das medidas propostas na PEC resulte em uma economia de R$ 70 bilhões. A proposta faz parte de um pacote mais amplo de revisão de gastos públicos, anunciado pelo Executivo em novembro do ano passado.

Os deputados governistas expressaram preocupação quanto à necessidade de garantir os votos suficientes para a aprovação da PEC, uma vez que a matéria exige um número maior de parlamentares em comparação a projetos de lei comuns. A aprovação em dois turnos é uma exigência para a tramitação de propostas de emenda à Constituição.

Durante a sessão anterior, a Câmara havia encerrado os trabalhos sem votar a PEC. Antes do término da reunião, foi votado o apensamento da PEC 45/2024, que permite que ela seja incluída na PEC 31/2007, facilitando sua votação no plenário.

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A junção das PECs foi aprovada por 294 votos, número inferior ao necessário para a aprovação da PEC em uma votação posterior. Uma emenda constitucional requer 308 votos para ser aprovada, e a votação deve ocorrer em dois turnos.

As propostas que compõem o pacote incluem o PLP nº 210/24, já aprovado, e o PL nº 4614/24, que ainda está em tramitação. A PEC nº 45/2024, coordenada por Moses Rodrigues (União Brasil-CE), também faz parte desse conjunto de medidas.

A proposta de emenda à Constituição foi apensada à PEC 31/2007, que trata do Sistema Tributário Nacional e já está em tramitação na Casa desde 2007.

O texto da equipe econômica do governo estabelece que até 20% dos recursos do Fundeb poderão ser destinados à criação e manutenção de matrículas em escolas de tempo integral. Contudo, o parecer do deputado Moses Rodrigues reduziu esse percentual para 10% e incluiu uma cláusula que exige que estados, o Distrito Federal e os municípios destinem ao menos 4% dos recursos do fundo a partir de 2026 para a ampliação das matrículas na educação integral.

Em relação aos super-salários, o deputado do União Brasil propôs que a eliminação dessa regalia ocorra por meio de um projeto de lei ordinário, que será discutido em 2025, ao invés de uma lei complementar.

No Senado, tramita o PL 2.721/21, que aborda verbas indenizatórias para evitar os super-salários, e a expectativa é que essa proposta seja discutida separadamente da PEC do pacote de revisão de gastos públicos.

O projeto de lei complementar também prevê a limitação do uso de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas, além de abordar outros pontos que geram divergência entre os deputados. Entre as propostas, está o ajuste do salário mínimo aos limites do novo arcabouço fiscal, com ganhos acima da inflação, mas limitados a um intervalo entre 0,6% e 2,5%.

O texto original incluía uma mudança no Fundo Constitucional do Distrito Federal, que passaria a ser corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas essa parte foi retirada do projeto pelo relator, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

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