A proposta, que visa economizar R$ 70 bilhões até 2026, foi aprovada com votos contrários de parlamentares petistas.
19 de Dezembro de 2024 às 22h07

Três deputados do PT se opõem a PEC de corte de gastos do governo Lula

A proposta, que visa economizar R$ 70 bilhões até 2026, foi aprovada com votos contrários de parlamentares petistas.

Na última quinta-feira (19), a Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que integra o pacote de cortes de gastos do governo federal. O projeto, que é uma das prioridades da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu votos contrários de três deputados do Partido dos Trabalhadores (PT): Natália Bonavides, Rui Falcão e Marcon.

O placar da votação no primeiro turno foi de 344 votos a favor e 154 contra. A PEC, que agora segue para análise do Senado, tem como objetivo economizar cerca de R$ 70 bilhões até 2026, conforme anunciado pela equipe econômica do Ministério da Fazenda, liderada pelo ministro Fernando Haddad.

Entre os pontos principais da proposta, estão mudanças nas regras do abono salarial e a limitação do pagamento de supersalários no setor público, que atualmente superam o teto constitucional. A proposta foi considerada essencial para o ajuste das contas públicas, mas gerou divisões dentro da base aliada.

Natália Bonavides, deputada federal pelo Rio Grande do Norte, é uma das vozes que se opuseram à medida. Com 36 anos, ela já havia se destacado na política local, tendo sido eleita vereadora em 2016 e reeleita deputada federal em 2018 com a maior votação do estado. Em suas declarações, Bonavides enfatizou a importância de manter direitos sociais e criticou a proposta por considerar que ela poderia prejudicar a população mais vulnerável.

Rui Falcão, de 81 anos, também se manifestou contra a PEC. Ele é um político experiente, tendo sido presidente nacional do PT entre 2011 e 2017. Em sua justificativa, Falcão afirmou: “Sou do tempo que a gente votava para não reduzir direitos. Estou bem com minha história e com minha consciência. Sou a favor de manter direitos conquistados e conquistar novos direitos.” Sua posição reflete uma preocupação com os impactos que a proposta pode ter sobre os trabalhadores e os serviços públicos.

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Marcon, deputado pelo Rio Grande do Sul, também se posicionou contra a proposta. Com 60 anos, ele é um defensor histórico dos direitos dos trabalhadores rurais e tem uma longa trajetória política, sendo um agricultor assentado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Sua atuação política é marcada pela luta em favor das causas sociais e dos direitos dos trabalhadores.

A aprovação da PEC representa um passo significativo nas medidas de austeridade do governo, que busca equilibrar as contas públicas em um cenário econômico desafiador. No entanto, a resistência de alguns membros da base governista levanta questões sobre a unidade do partido e a direção das políticas públicas.

Após a votação, o dólar comercial apresentou uma queda significativa, refletindo a reação do mercado às medidas de ajuste fiscal. Analistas consideram que a aprovação da PEC é crucial para garantir a estabilidade econômica do país.

O abono salarial, que atualmente beneficia trabalhadores com renda de até dois salários mínimos, será restringido com a nova proposta. A mudança prevê que apenas aqueles que ganham até R$ 2.640 terão direito ao benefício, o que pode impactar milhões de brasileiros que dependem desse auxílio.

A votação da PEC ocorreu após um adiamento na sessão anterior, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu não pautar a matéria devido à falta de quórum. A aprovação da proposta é vista como um teste para a capacidade do governo de implementar suas reformas em um ambiente político cada vez mais polarizado.

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