Ministro do Supremo Tribunal Federal acolhe pedido da defesa e remete caso de Cunha para julgamento na Corte.
20 de Dezembro de 2024 às 15h02

Gilmar Mendes determina que STF julgue ação penal contra Eduardo Cunha por corrupção

Ministro do Supremo Tribunal Federal acolhe pedido da defesa e remete caso de Cunha para julgamento na Corte.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que a ação penal contra o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por corrupção passiva, deve ser julgada pela própria Corte. A decisão foi proferida na última quinta-feira e atende parcialmente a um pedido da defesa do ex-deputado.

A denúncia contra Cunha, que se tornou réu em outubro de 2021, foi apresentada pela 10ª Vara Criminal da Justiça Federal do Distrito Federal. O ex-parlamentar é acusado de ter utilizado sua posição para constranger empresários da Construtora Schahin a pagar propinas, em um esquema que teria envolvido a elaboração de requerimentos na Câmara.

O ministro Gilmar Mendes fundamentou sua decisão no entendimento já consolidado no STF sobre o foro privilegiado, que determina que os crimes cometidos durante o exercício do mandato devem ser julgados pela Corte, mesmo após a perda do cargo. “Mostra-se necessário o deslinde da questão suscitada à luz dessa tese endossada pela maioria dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, ainda que não concluído em definitivo o julgamento, de modo a garantir a segurança jurídica na condução do processo penal e preservar a competência do Tribunal”, afirmou Mendes.

O entendimento do STF, que já conta com maioria favorável, estabelece que a competência da Corte para julgar autoridades se mantém mesmo após o afastamento do cargo. Essa regra foi aplicada ao caso de Cunha, que, apesar de ter perdido seu mandato, terá seu processo analisado pelo STF.

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A defesa de Cunha havia solicitado a suspensão da ação penal e a nulidade da denúncia, alegando que a Justiça Federal não seria a instância adequada para o julgamento. No entanto, Mendes manteve a decisão que o tornou réu e determinou que todos os atos processuais realizados anteriormente permanecem válidos.

O ex-deputado é acusado de ter solicitado um montante de R$ 98 milhões da Construtora Schahin, após um incidente envolvendo uma barragem em Rondônia, que foi construída por um consórcio liderado pela empresa. A investigação sobre essas alegações começou no STF, mas foi remetida à primeira instância devido à perda de foro dos envolvidos.

A decisão de Gilmar Mendes reflete a atual dinâmica do STF em relação ao foro privilegiado e a necessidade de garantir que casos envolvendo políticos sejam tratados de forma a evitar a impunidade. O julgamento que discute essa tese ainda não foi concluído, mas a maioria dos ministros já se manifestou a favor da manutenção do foro mesmo após a saída do cargo.

Com essa determinação, o STF assume a responsabilidade de julgar as acusações contra Cunha, que se tornou um dos principais nomes envolvidos em escândalos de corrupção no Brasil. A expectativa é que o caso avance rapidamente, dado o interesse público e a relevância das questões em jogo.

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