Delegados de São Paulo são afastados após delação sobre ligações com o PCC
Fábio Lopes e Murilo Roque negam irregularidades em meio a investigações do MP
O governo de São Paulo decidiu afastar preventivamente dois delegados envolvidos em uma investigação sobre corrupção e ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), e Murilo Fonseca Roque, que atuava em uma delegacia em São Bernardo do Campo, foram mencionados na delação premiada de Vinicius Gritzbach, que foi executado em novembro no Aeroporto de Guarulhos.
Gritzbach, que estava sob investigação por lavagem de dinheiro, alegou em seu depoimento que havia pagamentos de propina a autoridades policiais. O caso gerou grande repercussão e levou o governo a criar uma força-tarefa para apurar as denúncias. Todos os envolvidos respondem em liberdade, mas a situação gera preocupações sobre a integridade da Polícia Civil.
Em coletiva de imprensa, Lopes e o deputado estadual Antônio Olim, também mencionado na delação, negaram as acusações. Lopes afirmou que as alegações são infundadas e que Gritzbach poderia ter mentido para obter vantagens em seu acordo de delação. “Recebo, com veemente indignação, notícias acerca do meu nome e de outras honradas autoridades com fatos nebulosos, imprecisos e improcedentes”, declarou Olim em nota.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está ciente da gravidade da situação e, segundo fontes, optou pelo afastamento dos delegados até que as investigações sejam concluídas. “O governador está incomodado pelos fatos recentes e achou por bem que eu fosse afastado”, disse Lopes, que se diz confiante de que a verdade será esclarecida.
Além dos delegados, a delação de Gritzbach implicou outros sete policiais, dos quais seis estão presos e um permanece foragido. As prisões foram realizadas pela Polícia Federal em colaboração com o Ministério Público. A investigação busca determinar a extensão das ligações entre os policiais e o PCC, que é uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil.
Os detidos incluem o delegado Fábio Baena e outros investigadores, que são acusados de corrupção e de facilitar as atividades da facção criminosa. A operação da Polícia Federal, que ocorreu na semana passada, intensificou as investigações após a morte de Gritzbach, que levantou novas questões sobre a corrupção dentro das forças de segurança.
As autoridades estão agora sob pressão para esclarecer a situação e restaurar a confiança pública na Polícia Civil. A expectativa é que as investigações avancem rapidamente, a fim de evitar mais desgastes para a imagem da segurança pública em São Paulo.
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