Decisão da Prefeitura ocorre após investigações que apontam irregularidades nas empresas de ônibus, que atendem mais de 600 mil passageiros diariamente.
23 de Dezembro de 2024 às 21h17

Prefeitura de São Paulo rompe contratos com Transwolff e UPBus por ligações com o PCC

Decisão da Prefeitura ocorre após investigações que apontam irregularidades nas empresas de ônibus, que atendem mais de 600 mil passageiros diariamente.

A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta segunda-feira (23), o rompimento dos contratos com as empresas de ônibus Transwolff e UPBus, que estão sob investigação por supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). As duas companhias atendem diariamente mais de 600 mil passageiros nas Zonas Sul e Leste da capital paulista.

A decisão foi tomada após uma reunião que durou mais de quatro horas, na qual o prefeito Ricardo Nunes e seus secretários discutiram as inconformidades financeiras e operacionais detectadas nas empresas. Desde abril, quando o Ministério Público deflagrou a Operação Fim da Linha, as empresas estão sob intervenção da SPTrans, que assumiu a administração das linhas operadas por ambas.

O rompimento dos contratos será formalizado após notificação às empresas, que terão um prazo de 15 dias para apresentar sua defesa. Após esse período, a Procuradoria Geral do Município (PGM) analisará as alegações e, se necessário, o prefeito Nunes publicará o decreto de rescisão. A partir daí, a Prefeitura deverá abrir um novo processo de licitação para que outras empresas possam assumir as linhas.

Em novembro, as empresas já haviam sido notificadas sobre irregularidades. O artigo 38 da Lei 8.987/95, que regula as concessões municipais, prevê que a inexecução total ou parcial do contrato pode levar à declaração de caducidade da concessão, a critério do poder concedente.

Um relatório de auditoria realizado pela gestão municipal revelou que a Transwolff perdeu as condições financeiras para continuar operando. No caso da UPBus, a Prefeitura apontou que a empresa tem sócios com fortes ligações com o PCC, o que motivou a ação.

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No início de agosto, a Prefeitura contratou uma organização privada para realizar uma avaliação externa das operações das empresas. A Fundação Carlos Alberto Vanzolini, responsável pela análise, recebeu mais de R$ 800 milhões em repasses da Prefeitura em 2023 e está envolvida na investigação que busca esclarecer a viabilidade econômico-financeira e operacional das concessionárias.

As investigações começaram em abril, quando a Operação Fim da Linha resultou na prisão de dirigentes das duas empresas, acusados de envolvimento com o crime organizado. Durante a operação, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão em São Paulo e cidades do interior.

Além disso, a situação do presidente afastado da UPBus, Ubiratan Antônio da Cunha, se complicou após sua prisão no dia 20 de dezembro, por descumprir medidas cautelares. A denúncia do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que as empresas estariam sendo utilizadas para lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas.

A investigação sobre a Transwolff e a UPBus revela um histórico de irregularidades que remontam aos anos 1990, quando o transporte público de São Paulo começou a ser operado por empresas privadas. O Ministério Público alega que as duas empresas, ao longo dos anos, se infiltraram no sistema de transporte público, comprometendo a integridade do serviço prestado à população.

As autoridades municipais garantiram que a continuidade do serviço de transporte público será mantida, assim como os pagamentos a funcionários e fornecedores das empresas durante o processo de transição.

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