Órgão solicita que equipamentos sejam priorizados em ações em comunidades vulneráveis e em situações de risco elevado
20 de Dezembro de 2024 às 17h49

Ministério Público defende uso de câmeras pela PM de SP em operações policiais

Órgão solicita que equipamentos sejam priorizados em ações em comunidades vulneráveis e em situações de risco elevado

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) manifestou-se favoravelmente ao uso prioritário de câmeras corporais pelos policiais militares durante operações em comunidades vulneráveis ou em situações que apresentem alto potencial de danos colaterais. O parecer foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira, 19, após o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, solicitar a posição do órgão sobre a proposta do governo paulista.

A proposta do governo sugere que as câmeras sejam utilizadas apenas em “operações policiais de grande envergadura”, o que gerou preocupação no MPSP, considerando a atual disponibilidade de equipamentos. Atualmente, a Polícia Militar de São Paulo conta com aproximadamente 10 mil câmeras para um efetivo de cerca de 80 mil policiais.

O MPSP argumenta que, diante da escassez de equipamentos, é razoável que as câmeras sejam utilizadas em operações específicas, como a Operação Verão, que se inicia neste mês e se estenderá até janeiro de 2025. Em sua manifestação, o órgão enfatiza a necessidade de priorizar a alocação das câmeras em ações que envolvam comunidades vulneráveis.

“Sem prejuízo das ações durante a Operação Verão, que ocorrerá entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a Polícia Militar deve priorizar a alocação das câmeras corporais nas operações policiais que envolvam incursões em comunidades vulneráveis ou em situações com grande potencialidade de danos colaterais”, afirma o parecer do MPSP.

Em um ofício enviado ao STF, a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo argumentou que a interpretação do ministro Barroso sobre o uso das câmeras em todas as operações policiais é excessivamente ampla. A procuradoria defende que nem todas as operações apresentam risco de confronto e que a obrigatoriedade de uso de câmeras em todas elas poderia resultar em dificuldades operacionais.

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“Caso interpretada a decisão como obrigatória para todas as operações policiais, haverá uma clara impossibilidade material e operacional de cumprimento, uma vez que o estado de São Paulo possui um efetivo de cerca de 80 mil policiais militares, que atuam em 645 municípios, mas conta com apenas 10.125 câmeras corporais portáteis”, argumentou o governo paulista.

Histórico

Em abril deste ano, o governo de São Paulo comprometeu-se com o STF a implementar o uso de câmeras corporais em operações policiais e apresentou um cronograma para a aquisição de novos equipamentos. Em setembro, foi anunciado um contrato com a empresa Motorola para a compra de 12 mil câmeras, embora a aquisição tenha gerado críticas devido a mudanças na forma de acionamento dos dispositivos.

As regras do edital previam que o acionamento das câmeras poderia ser feito pelo próprio policial ou por uma central de operações, o que permitiria a interrupção da gravação durante as operações. Essa característica gerou preocupações entre entidades de direitos humanos, que criticaram a falta de gravação ininterrupta.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) justificou que a interrupção da gravação é compensada por outras funcionalidades, como o acionamento automático por software e a possibilidade de acionamento manual pelo policial. Em maio, a Defensoria Pública de São Paulo e organizações de direitos humanos solicitaram ao STF alterações no edital de compra das câmeras.

No mês seguinte, Barroso indeferiu o pedido, mas determinou que o governo paulista seguisse os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na licitação para a aquisição das câmeras. A Defensoria Pública, então, pediu a reconsideração da decisão, que foi proferida na segunda-feira, 9.

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