Ex-deputado alegou crise renal aguda e descumprimento de ordem judicial em busca de atendimento médico, segundo advogados.
26 de Dezembro de 2024 às 10h50

Defesa de Daniel Silveira contesta decisão de Moraes após nova prisão em emergência médica

Ex-deputado alegou crise renal aguda e descumprimento de ordem judicial em busca de atendimento médico, segundo advogados.

A defesa do ex-deputado Daniel Silveira solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que reconsidere a decisão que resultou em sua prisão. Os advogados argumentam que Silveira descumpriu a ordem de recolhimento devido a uma emergência médica, enfrentando uma crise renal aguda e apresentando sintomas como “urinando sangue”. O atendimento ocorreu no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, no último sábado, dia 21.

O pedido da defesa, apresentado em embargos de declaração na quarta-feira, 25, afirma: “Não houve dolo em descumprir absolutamente nada, mas tão somente garantir atendimento médico hospitalar ao paciente, que sofre de crises renais”.

Contudo, Moraes considerou que o deslocamento de Silveira não foi justificado de forma adequada. O ministro observou que o ex-deputado esteve em outros locais antes e depois da consulta médica. Relatórios indicam que ele foi liberado do hospital às 00h44, mas retornou à sua residência apenas às 2h10, após permanecer no Condomínio Granja Santa Lúcia por cerca de uma hora.

A defesa esclarece que a presença de Silveira no condomínio se deu porque ali reside sua esposa, que o acompanhou durante o atendimento médico. Em nota, os advogados classificaram a decisão de Moraes como “desproporcional, arbitrária e ilegal”, afirmando que o ministro não respeitou o devido processo legal nem as garantias de ampla defesa. Eles também pediram a criação de um canal direto para emergências médicas, com a declaração: “Seja disponibilizado à defesa, um número direto [...] para [...] correr ao hospital, se ainda estiver vivo”.

Após a audiência de custódia realizada na terça-feira, 24, Moraes manteve a prisão de Silveira, ressaltando que o ex-deputado violou medidas cautelares 227 vezes desde o início do processo, acusando-o de “total desrespeito ao poder judiciário e à legislação brasileira”.

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Silveira foi condenado em abril de 2022 a oito anos e nove meses de prisão pelos crimes de ameaça ao Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo. Desde outubro, ele cumpria pena em regime semiaberto, com diversas restrições.

A revogação da liberdade condicional ocorreu apenas quatro dias após a concessão do benefício, com Moraes ressaltando que Silveira já desrespeitou as condições judiciais no primeiro dia, retornando à residência fora do horário estabelecido.

Além disso, a defesa reiterou que o ex-deputado foi buscar sua esposa no condomínio para que ela o acompanhasse ao hospital. Moraes, em sua última decisão, afirmou que Silveira teve a oportunidade de esclarecer as razões do descumprimento das condições judiciais durante a audiência, “tendo, porém, optado por omitir seu real deslocamento e sua dupla estadia”.

O despacho de Moraes conclui que “de maneira que preferiu manter a versão mentirosa em desrespeito à Justiça. Dessa maneira, fica patente que o sentenciado tão somente utilizou sua ida ao hospital como verdadeiro álibi para o flagrante desrespeito às condições judiciais obrigatórias para manutenção de seu livramento condicional”.

Os advogados de Silveira defendem a reconsideração da prisão em “respeito ao direito constitucional à saúde, que é uma garantia e direito fundamental”. Diante da nova prisão, Silveira foi transferido para a penitenciária Bangu 8, no Complexo de Gericinó, onde cumprirá o restante da pena em regime fechado. Seus advogados afirmaram que recorrerão às instâncias nacionais e internacionais para denunciar o que consideram perseguição política.

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