Janja conta com equipe de 12 pessoas e já gastou R$ 1,2 milhão em viagens, diz Estadão
De acordo com matéria publicada no Estadão, primeira-dama tem assessores e gastos expressivos em viagens oficiais.
BRASÍLIA – A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, não possui um cargo formal no governo, mas conta com uma equipe de pelo menos 12 pessoas à sua disposição, conforme apurado pelo Estadão. Esse grupo, que inclui assessores de imprensa, fotógrafos e especialistas em redes sociais, já gerou um custo de R$ 1,2 milhão em viagens desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023.
O “time” de Janja, que consome cerca de R$ 160 mil mensais em salários, é composto por profissionais que desempenham funções diversas, mas que não são reconhecidos oficialmente como parte de sua equipe. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, quando questionada, apenas forneceu os cargos formais dos integrantes.
Em julho deste ano, a Presidência contratou uma empresa de marcenaria em Taguatinga (DF) para realizar reformas no Palácio do Planalto, onde Janja despacha em uma sala de 25 metros quadrados. A reforma não alterou o tamanho da sala da primeira-dama, mas resultou na redução do espaço de alguns assessores palacianos para acomodar sua equipe informal.
Entre os membros mais destacados do grupo de Janja estão Neudicléia Neres de Oliveira, conhecida como Neudi, e Brunna Rosa Alfaia. Neudi, que é jornalista e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), atua como assessora especial do Gabinete Pessoal do Presidente, enquanto Brunna é a chefe da Secretaria de Estratégia e Redes da Secom, responsável por algumas das principais contas de redes sociais do governo.
Além de sua equipe, Janja também viaja acompanhada de um aparato de segurança composto por policiais federais. Durante as viagens ao Qatar e a Paris, por exemplo, a segurança era composta por oito policiais, entre agentes e delegados. A presença de diplomatas também é comum, variando conforme a viagem.
A influência de Janja no governo vai além de sua equipe informal. Ela conseguiu emplacar a amiga Maria Helena Guarezi como secretária-executiva do Ministério das Mulheres e teve sucesso em indicar a cantora Margareth Menezes para o Ministério da Cultura. Recentemente, Janja também participou da indicação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e apresentou uma lista de juristas negras ao presidente Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Estadão enviou à Secom uma lista com os integrantes da equipe informal de Janja, bem como informações sobre os salários e gastos com viagens. A resposta da Secom foi a mesma de sempre: os servidores que compõem a equipe de Janja são de diferentes órgãos da Presidência e exercem funções conforme a Lei nº 14.600/2023, que reorganizou a Esplanada dos Ministérios.
Nos últimos dois anos, a Casa Civil, sob o comando de Rui Costa, respondeu a vários pedidos de Lei de Acesso à Informação (LAI) sobre a equipe de Janja, reiterando que ela não possui uma equipe formal, mas sim integrantes do Gabinete Pessoal que a auxiliam eventualmente. Essa situação, segundo fontes, não é do desejo de Janja, que pleiteou um cargo próprio no início do mandato, mas teve seu pedido negado.
Recentemente, Janja expressou em entrevista que ainda almeja um gabinete formal, atribuindo a negativa a um “machismo” enraizado na política brasileira. Ela comparou sua situação com a de primeiras-damas de outros países que possuem gabinetes estruturados, enfatizando a necessidade de um espaço institucional para suas pautas.
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