Parlamentares da oposição e governadores criticam decreto que regulamenta o uso da força pelas polícias e anunciam ações no Congresso e no STF.
26 de Dezembro de 2024 às 16h04

Oposição e governadores se mobilizam contra decreto de Lula sobre uso da força policial

Parlamentares da oposição e governadores criticam decreto que regulamenta o uso da força pelas polícias e anunciam ações no Congresso e no STF.

Parlamentares da oposição estão se mobilizando para contestar o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que regula o uso da força pelas polícias no Brasil. Membros da chamada ‘bancada da bala’, composta majoritariamente por políticos vinculados às forças de segurança, anunciaram a intenção de apresentar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para suspender a medida.

De acordo com a legislação brasileira, decretos presidenciais podem ser revogados pelo Congresso Nacional através de um PDL ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF), caso a Corte considere que a ação do Executivo viola a Constituição. No entanto, auxiliares do ministro Ricardo Lewandowski não acreditam que o STF revogue a decisão.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) confirmou que irá protocolar um PDL contra o decreto de Lula. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) também manifestou a intenção de propor uma medida semelhante. A expectativa é que, caso vários PDLs com o mesmo objetivo sejam apresentados, eles sejam unificados.

Sanderson, que é ex-policial federal e já presidiu a Comissão de Segurança da Câmara, criticou o decreto, afirmando que ele limita a capacidade da polícia de proteger os cidadãos e favorece a impunidade. Nogueira complementou que “ao restringir a atuação policial, o governo Lula coloca em risco a vida de milhões de brasileiros e enfraquece as forças de segurança”.

O deputado Alberto Fraga (PL-DF), coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal e atual presidente da Comissão de Segurança da Câmara, também se manifestou contra o decreto, afirmando que “mais uma vez a bandidagem aplaudindo de pé esse desgoverno”, em uma crítica publicada nas redes sociais.

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As críticas ao decreto não se restringem apenas aos parlamentares. Governadores de oposição também se manifestaram publicamente contra a medida. Entre eles, destacam-se Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal.

Ronaldo Caiado, em entrevista, classificou o decreto como “chantagem explícita”, referindo-se ao fato de que a liberação de recursos federais para a segurança pública está condicionada à adesão dos Estados às novas regras. “Quem não segue a cartilha do governo fica sem recursos”, disparou.

Caiado ainda afirmou que o decreto é politizado e busca obrigar os governadores a seguirem a política de segurança pública do presidente Lula, o que, segundo ele, enfraquece a autoridade dos chefes estaduais e favorece o crime organizado. Ele ressaltou que continuará a conduzir a segurança pública de Goiás como sempre fez, mesmo que isso implique a perda de recursos federais.

Cláudio Castro, governador do Rio, criticou o decreto no Twitter, chamando-o de um presente de Natal para a “bandidagem”. Ele afirmou que o decreto foi publicado sem diálogo e sem amparo legal, caracterizando uma clara invasão de competência. Ibaneis Rocha, por sua vez, declarou que as diretrizes estabelecidas pelo governo federal são inconstitucionais e sugeriu uma possível judicialização do tema no STF, afirmando que “interferência total” é inaceitável.

O decreto, publicado na véspera de Natal, estabelece que o uso da força policial deve ser regulamentado e que as regras detalhadas serão publicadas em até 90 dias. Entre as principais orientações, destaca-se que armas de fogo devem ser utilizadas apenas como último recurso e que não é legítimo o uso delas contra pessoas desarmadas em fuga, exceto em situações de risco à vida de policiais ou terceiros.

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