Apesar de promessas de transparência, presidente Lula eleva gastos e mantém sigilo em informações do governo.
07 de Janeiro de 2025 às 08h16

Lula mantém sigilo de 100 anos sobre gastos do cartão corporativo e aumenta despesas

Apesar de promessas de transparência, presidente Lula eleva gastos e mantém sigilo em informações do governo.

Desde que assumiu a Presidência da República em janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), tem enfrentado críticas por manter o sigilo de 100 anos sobre os gastos do cartão corporativo, contrariando suas promessas de maior transparência feitas durante a campanha eleitoral de 2022.

Dados recentes indicam que, entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, a Presidência desembolsou R$ 38,3 milhões em despesas sigilosas. Esse montante representa um aumento significativo em comparação ao governo anterior, de Jair Bolsonaro, que também foi alvo de críticas por suas práticas de sigilo.

O número de pedidos negados via Lei de Acesso à Informação (LAI) também cresceu. Durante o período mencionado, mais de 3 mil solicitações foram recusadas, o que representa um aumento de 8,4% em relação às 2.959 negativas registradas no mesmo intervalo sob a gestão de Bolsonaro.

Além disso, os gastos mensais com o cartão corporativo durante os primeiros anos de governo Lula superaram os de seu antecessor. A média mensal das despesas ultrapassou R$ 1,5 milhão, um aumento de 10% em comparação aos dois primeiros anos da administração de Bolsonaro.

O aumento dos gastos é atribuído, em parte, às frequentes viagens internacionais realizadas por Lula. Em 2024, os gastos com o cartão corporativo somaram R$ 14,7 milhões, uma redução em relação ao ano anterior, devido à diminuição das viagens. Apesar disso, o número de sigilos de cem anos decretados no governo Lula atingiu 3,2 mil casos, mostrando um crescimento em relação ao mesmo período da gestão anterior.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Embora os dados indiquem um aumento nas negativas, ao considerar os números proporcionais, houve uma leve queda na taxa de negativas. Durante a administração de Bolsonaro, as negativas representavam 18,08% do total de pedidos, enquanto na gestão Lula essa taxa é de 16,5%. Essa diferença, embora sutil, é um ponto de discussão entre analistas e especialistas em transparência.

A justificativa oficial do governo para manter essas informações em sigilo é a proteção de dados pessoais. No entanto, a Controladoria-Geral da União (CGU) está elaborando um projeto de lei que busca abolir o prazo de cem anos para restrições a informações pessoais, considerando o interesse público nas solicitações.

Entre os documentos mantidos sob sigilo estão a lista de visitantes da primeira-dama, Janja da Silva, e a declaração de conflito de interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O governo argumenta que, por não ocupar um cargo público, a primeira-dama não está sujeita aos critérios da Lei de Acesso à Informação, uma justificativa que tem sido contestada por especialistas.

Além disso, a lista de militares presentes no Batalhão de Guarda Presidencial durante os atos de 8 de janeiro de 2023, ocorridos na Praça dos Três Poderes, também permanece em segredo. Lula havia prometido não seguir a prática de seu antecessor em impor sigilos de longa duração, mas a realidade atual parece contradizer essa promessa.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) também registrou um aumento nas negativas, impondo sigilo de cem anos a solicitações relacionadas ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O órgão rejeitou 702 pedidos, representando 21% do total de casos na atual gestão.

Veja também:

Tópicos: