Teodoro Obiang Mangue, vice-presidente da Guiné Equatorial, é acusado de usar empresas de fachada para adquirir imóvel em São Paulo.
08 de Janeiro de 2025 às 06h17

Polícia Federal indiciou filho de ditador da Guiné Equatorial por lavagem de dinheiro

Teodoro Obiang Mangue, vice-presidente da Guiné Equatorial, é acusado de usar empresas de fachada para adquirir imóvel em São Paulo.

A Polícia Federal (PF) indiciou Teodoro Obiang Mangue, vice-presidente da Guiné Equatorial, por suspeita de lavagem de dinheiro, destacando a necessidade de uma punição exemplar para o político. O indiciamento foi fundamentado em um relatório que afirma: “O Brasil não pode servir de refúgio ou destino para dinheiro fruto de crimes cometidos no exterior”.

A investigação revela que Mangue, conhecido como Teodorin, utilizou empresas de fachada para adquirir uma cobertura duplex no Jardim Paulista, em São Paulo, em 2007, avaliada na época em R$ 15,6 milhões. O imóvel passou por reformas extensivas, que incluíram a construção de um espaço destinado a uma boate, com custos que a PF classificou como “descomunais”, totalizando R$ 75 milhões.

Na garagem do prédio, foi encontrada uma frota de veículos de luxo, incluindo marcas como Maserati, Mercedes, Porsche, Lamborghini e Land Rover. Teodorin é filho do ditador Teodoro Obiang, que está no poder há 40 anos, e, segundo a PF, leva um estilo de vida extravagante.

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A Embaixada da Guiné Equatorial, em resposta ao processo, alegou que o imóvel possui uso diplomático e foi adquirido para acomodar autoridades de alto escalão do governo durante visitas ao Brasil.

Outro episódio que levou ao indiciamento de Mangue ocorreu em setembro de 2018, quando ele utilizou seu passaporte diplomático para entrar no Brasil com US$ 1,4 milhão em dinheiro e aproximadamente US$ 15,4 milhões em relógios de luxo. O avião presidencial pousou no aeroporto de Viracopos, em Campinas, durante uma viagem não oficial.

A PF suspeita que tanto o apartamento quanto os relógios tenham sido adquiridos com dinheiro oriundo de corrupção na Guiné Equatorial. Provas coletadas e compartilhadas por autoridades de quatro países - Estados Unidos, França, Suíça e Portugal - foram fundamentais para a investigação da PF, incluindo documentos que comprovam a compra do imóvel em São Paulo.

A investigação, que teve início em 2018, foi concluída no ano passado. Com base nas evidências e no relatório de indiciamento da PF, o Ministério Público Federal apresentou uma denúncia contra Teodorin por lavagem de dinheiro. O processo está atualmente tramitando na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

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