Marinha retoma buscas por desaparecidos após queda da ponte entre Maranhão e Tocantins
Novas operações de mergulho serão realizadas após suspensão devido a vazão da usina hidrelétrica.
A Marinha do Brasil anunciou, nesta quinta-feira (9), a retomada das operações de mergulho para localizar as vítimas desaparecidas após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Maranhão e Tocantins. Até o momento, 14 pessoas foram localizadas e identificadas, enquanto três continuam desaparecidas.
As novas buscas serão direcionadas para áreas mais a jusante do local do acidente, onde a correnteza do Rio Tocantins se faz mais forte. A decisão de reiniciar as operações ocorre após a suspensão dos trabalhos, que se deu em razão da necessidade de abertura das comportas da barragem da Usina Hidrelétrica de Estreito. Essa medida foi necessária para regularizar o volume de água no reservatório, que aumentou devido às chuvas na região.
O Consórcio Estreito Energia (CESTE) informou, na noite da última terça-feira (7), que poderia reduzir a vazão das águas da usina por mais alguns dias, o que viabiliza janelas para os mergulhos. Em nota, a Marinha ressaltou que a situação será reavaliada periodicamente, conforme as condições de segurança.
Na quarta-feira (8), a Base Avançada de Mergulho foi deslocada para uma área mais elevada, devido ao risco de alagamento no local onde estava originalmente posicionada, em função do aumento da vazão das águas fora das janelas de mergulho.
As três pessoas ainda desaparecidas são Salmon Alves Santos, de 65 anos, seu neto Felipe Giuvannuci Ribeiro, de 10 anos, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos. O desabamento da ponte ocorreu no final da tarde do dia 22 de dezembro de 2024, quando três veículos de passeio, três motocicletas e quatro caminhões caíram no rio, totalizando 18 pessoas a bordo. A operação de busca e resgate começou ainda no mesmo dia, com o uso de embarcações.
No dia seguinte ao acidente, uma equipe de 64 mergulhadores especializados, composta por militares da Marinha do Brasil e do Corpo de Bombeiros de vários estados, iniciou as buscas. Equipamentos como drones subaquáticos e aéreos, além de uma câmara hiperbárica, foram utilizados para garantir a segurança dos profissionais envolvidos nas operações.
Entre os caminhões que caíram no Rio Tocantins, dois transportavam ácido sulfúrico e um carregava agrotóxicos, incluindo os produtos Carnadine, PIQUE 240SL e Tractor. Após o acidente, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram uma análise emergencial da qualidade da água do rio. Os resultados das amostras coletadas entre 24 e 29 de dezembro de 2024 não mostraram indícios de contaminação da água pelos agrotóxicos.
Entretanto, o Ibama alertou que o risco de contaminação persiste enquanto os materiais químicos permanecerem no fundo do rio, o que pode impactar o meio ambiente e o abastecimento público de comunidades ribeirinhas e cidades ao longo do curso d'água. O órgão acionou as empresas responsáveis pelos caminhões para colaborarem na elaboração de Planos de Atendimento à Emergência (PAEs), que orientarão as ações no local.
Na terça-feira, o Ibama acompanhou o trabalho dos mergulhadores profissionais contratados pela empresa Sumitomo, responsável pelo caminhão que transportava agrotóxicos, para verificar a localização do veículo e das bombonas com substâncias químicas no fundo do Rio Tocantins.
Veja também: