Lula critica governadores e os chama de 'ingratos' por reclamações sobre dívidas
O presidente Lula se manifestou sobre as críticas de governadores da oposição e afirmou que eles 'vão pagar' o que devem.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou em criticar os governadores da oposição, chamando-os de “ingratos” durante um evento no Palácio do Planalto. A declaração ocorreu após os chefes de estado expressarem descontentamento com os vetos feitos pelo governo a trechos do projeto de renegociação da dívida dos estados com a União.
Em sua fala, Lula destacou que os cinco governadores que mais devem ao governo federal deveriam estar agradecidos pela sanção do projeto, que facilita o pagamento das dívidas. “Foi uma coisa extraordinária e os cinco governadores maiores, que mais devem, são ingratos”, afirmou o presidente, enfatizando que a crítica feita por alguns deles se deve à resistência em honrar suas obrigações financeiras.
O projeto, conhecido como PROPAG (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), oferece condições vantajosas para os estados, incluindo a possibilidade de zerar os juros e parcelar o saldo das dívidas em até 30 anos. Além disso, cria um fundo para compensar aqueles que se destacam como bons pagadores. No entanto, a adesão ao programa é uma decisão que cabe a cada estado.
Governadores como Romeu Zema, de Minas Gerais, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, não pouparam críticas ao governo federal. Zema, em suas redes sociais, classificou os vetos como um “duro golpe” e argumentou que a medida forçaria os mineiros a repassar R$ 5 bilhões a mais em 2025 e 2026, mesmo diante de uma arrecadação federal recorde.
“Com vetos ao PROPAG, @LulaOficial quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”, escreveu Zema, demonstrando sua insatisfação com as decisões do governo.
Os vetos de Lula incluem a proibição do uso de verbas do novo Fundo de Desenvolvimento Regional (FNDR) para abater juros e a possibilidade de os estados utilizarem recursos de exploração de petróleo e gás para quitar suas dívidas. Essas medidas foram vistas como um golpe contra a autonomia financeira dos estados.
Atualmente, a dívida dos estados com a União gira em torno de R$ 760 bilhões, com os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul respondendo por 90% desse total. O governo estima que a nova lei pode resultar em uma perda de até R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos.
A situação acirrou os ânimos entre o governo federal e os governadores, que se sentem pressionados pelas novas regras e pela necessidade de pagar suas dívidas. A tensão entre as partes promete continuar, à medida que os estados buscam alternativas para lidar com suas obrigações financeiras.
O embate entre o governo e os governadores da oposição reflete um cenário político conturbado, onde as relações entre os entes federativos e a União estão em constante tensão. A resposta dos governadores às críticas de Lula e as ações que tomarão em relação à renegociação de dívidas ainda estão por vir.
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