Sindicato dos servidores do IBGE acusa Pochmann de retaliação ao proibir uso da sigla
Medida da gestão de Mário Pochmann gera tensão e pode resultar em ações legais por parte do sindicato.
A tensão entre a gestão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os servidores do órgão, representados pelo sindicato conhecido como AssIBGE, aumentou após uma notificação extrajudicial enviada pelo presidente Mário Pochmann. O documento exige que a entidade não utilize mais a sigla "IBGE" em seu nome, o que foi interpretado pelos trabalhadores como uma medida retaliatória.
O sindicato, que representa os trabalhadores do IBGE, recebeu a notificação sem a assinatura de Pochmann, apenas com a do procurador-chefe do instituto, Carlos Alberto Pires de Carvalho Albuquerque Junior. A ausência da assinatura do presidente gerou descontentamento entre os servidores, que consideram a ação uma tentativa de silenciar a representação sindical.
Esta notificação é mais um capítulo na crise que se intensificou nos últimos meses, marcada por mobilizações e paralisações promovidas pelos servidores em resposta ao que chamam de “autoritarismo” da gestão Pochmann. Os trabalhadores têm reivindicado um diálogo aberto sobre as mudanças propostas pela administração, que incluem alterações no estatuto do IBGE e o fim do trabalho remoto.
Um dos pontos centrais do conflito é a criação da Fundação IBGE+, uma entidade privada estabelecida em julho, que poderá captar recursos para financiar as pesquisas do instituto. Os servidores alegam que não foram consultados sobre a criação dessa fundação, que consideram um “IBGE Paralelo”, e expressam preocupações quanto à sua função e impacto nas atividades do instituto.
Na última terça-feira, a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) divulgou uma carta aberta pedindo uma “atuação urgente” do Congresso Nacional para proteger a autonomia técnico-científica do IBGE, que, segundo eles, estaria ameaçada pela fundação proposta.
A notificação ao AssIBGE estabelece um prazo de 15 dias para que a sigla seja retirada do nome da entidade. A gestão Pochmann argumenta que a atuação do sindicato não está restrita ao IBGE, citando princípios que visam a defesa da democracia e o combate ao corporativismo.
Em resposta, o sindicato afirmou que a medida é uma “nítida retaliação” e que tomará as medidas legais necessárias para garantir o uso da marca registrada. Eles ressaltam que o uso da sigla de órgãos públicos em nomes de sindicatos é uma prática comum no Brasil, que remonta à criação do Clube dos IBGEanos em 1947.
Os servidores do IBGE continuam mobilizados e afirmam que a luta pela manutenção do nome e da identidade do sindicato é fundamental para a defesa dos direitos dos trabalhadores e da qualidade das pesquisas realizadas pelo instituto.
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