Israel adia retirada de tropas do sul do Líbano e coloca acordo em risco
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou que as Forças de Defesa de Israel não cumprirã o prazo de retirada do Líbano neste domingo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que as tropas israelenses não cumprirã o prazo estipulado para a retirada do sul do Líbano, previsto para este domingo (26), o que coloca em risco o acordo de cessar-fogo com o grupo libanês Hezbollah.
Em um comunicado oficial, o gabinete de Netanyahu destacou que “o processo de retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) está condicionado ao desdobramento do exército libanês no sul do Líbano e à aplicação completa e eficaz do acordo, enquanto o Hezbollah deve se retirar para além do rio Litani”. O texto também enfatizou que “o cessar-fogo ainda não foi totalmente implementado” e que “o processo de retirada gradual continuará, em plena coordenação com os Estados Unidos”.
Israel acusa o governo libanês de não ter cumprido sua parte no acordo, especialmente no que diz respeito à presença militar libanesa ao sul do rio Litani, uma região localizada a cerca de 30 km da fronteira israelense.
O governo israelense reafirmou que não comprometerá a segurança de seus cidadãos, afirmando que “o Estado de Israel não colocará em risco seus assentamentos e cidadãos e insistirá no cumprimento total dos objetivos das operações militares no norte”.
A situação se torna ainda mais tensa, pois o acordo de cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos e França, foi estabelecido após mais de um ano de hostilidades entre Israel e o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã. Os combates culminaram em uma grande ofensiva israelense que deslocou mais de 1,2 milhão de pessoas no Líbano e deixou o Hezbollah significativamente enfraquecido.
O acordo, que entrou em vigor em 27 de novembro, previa que as armas e os combatentes do Hezbollah fossem retirados das áreas ao sul do rio Litani, enquanto as tropas israelenses deveriam se retirar à medida que os militares libaneses se deslocassem para a região, tudo dentro de um prazo de 60 dias que se encerraria neste domingo às 4h.
O gabinete de Netanyahu reiterou que o processo de retirada das Forças Armadas israelenses “depende da mobilização do exército libanês no sul do Líbano e da aplicação total e efetiva do acordo, enquanto o Hezbollah se retira para além do Litani”.
Em resposta, um representante do Hezbollah, ao ser solicitado a comentar, redirecionou a imprensa para uma declaração do grupo, que afirmava que qualquer atraso na retirada seria considerado uma violação inaceitável do acordo, e que o Estado teria que lidar com tal violação “por todos os meios e métodos garantidos por cartas internacionais”.
A Casa Branca ainda não se manifestou sobre a situação. Israel, por sua vez, afirma que sua campanha contra o Hezbollah visa garantir o retorno seguro para casa de dezenas de milhares de pessoas que foram forçadas a deixar suas residências no norte de Israel devido aos disparos de foguetes do Hezbollah.
O Hezbollah, que já sofreu grandes perdas durante o conflito, incluindo a morte de seu líder Hassan Nasrallah e milhares de combatentes, viu sua capacidade militar ainda mais comprometida após a derrubada de seu aliado sírio, Bashar al-Assad, por rebeldes, o que cortou sua rota de suprimento terrestre do Irã.
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