A gestão municipal encerra contratos com Transwolff e UPBus, investigadas por vínculos com o crime organizado.
29 de Janeiro de 2025 às 21h20

Prefeitura de São Paulo decide substituir empresas de ônibus ligadas ao PCC

A gestão municipal encerra contratos com Transwolff e UPBus, investigadas por vínculos com o crime organizado.

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta quarta-feira, 29, que irá encerrar os contratos com as empresas de ônibus Transwolff e UPBus, que estão sob investigação do Ministério Público por suspeitas de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão foi tomada após a rejeição das defesas apresentadas pelas concessionárias em um processo administrativo.

As empresas, que operam sob intervenção desde abril do ano passado, foram alvo da Operação Fim da Linha, que resultou na prisão de 18 diretores por suposto envolvimento em crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa. A operação revelou indícios de que as companhias estariam infiltradas por membros do PCC, uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil.

De acordo com a administração municipal, as linhas de ônibus concedidas a essas empresas atendem cerca de 650 mil passageiros diariamente. Em 2023, as duas companhias receberam aproximadamente R$ 800 milhões em remuneração da prefeitura, mesmo sob investigação.

A Transwolff, em resposta à decisão, anunciou que acionará a Justiça para contestar o que considera uma medida “arbitrária” e “ilegal”. A empresa alega que o processo administrativo carece de fundamentos jurídicos e que não há comprovação de vínculos com organizações criminosas.

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A Prefeitura, por sua vez, garantiu que as intervenções já em andamento nas concessionárias continuarão, assegurando a manutenção dos serviços prestados à população, bem como os pagamentos a funcionários e fornecedores. A equipe técnica e jurídica da administração municipal se comprometeu a dar prosseguimento à substituição das empresas, visando a continuidade do atendimento.

O despacho que deu início ao processo de rescisão dos contratos foi assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) no final de dezembro e publicado no Diário Oficial do município. Desde o ano passado, as investigações apontam para uma possível “infiltração” do PCC no setor de transportes, com a utilização de uma rede de laranjas e CNPJs fantasmas para controlar as empresas.

Além disso, o presidente da UPBus, Ubiratan Antônio da Cunha, foi preso recentemente por descumprir medidas cautelares relacionadas à mesma investigação. A situação das empresas se agravou após a revelação de que, mesmo com as acusações de envolvimento com o crime organizado, elas continuaram a receber repasses significativos da Secretaria Municipal de Transportes e firmaram novos contratos para operar no sistema.

A investigação do Ministério Público, que se arrasta há anos, culminou em um quadro alarmante de corrupção e crime organizado infiltrado em um setor essencial para a mobilidade urbana da capital paulista. A Justiça já determinou o afastamento de 15 acionistas da UPBus e seis diretores da Transwolff, além de uma intervenção nas duas empresas.

Após a operação, o prefeito Nunes afirmou que a Transwolff não administrará mais o sistema de ônibus aquáticos na represa Billings, localizada na zona sul de São Paulo. A investigação e suas repercussões foram amplamente utilizadas por opositores durante a campanha eleitoral para a Prefeitura, levantando questões sobre a governança e a segurança pública na cidade.

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