Bolsonaro se diz pronto para prisão e critica investigações da Polícia Federal
Em entrevista à Bloomberg, ex-presidente afirma que é o único capaz de vencer Lula em 2026 e compara sua situação à de Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou estar preparado para ser preso a qualquer momento pela Polícia Federal (PF). Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira, 30, pela revista americana Bloomberg, Bolsonaro disse que aguarda ser acordado por agentes da corporação.
“Durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às 6h da manhã: ‘É a Polícia Federal!’”, afirmou. O ex-chefe do Executivo já foi indiciado em três investigações: a suposta trama golpista, a fraude no cartão de vacinação e o caso das joias sauditas.
A mais recente acusação ocorreu em novembro de 2024, quando a PF o indiciou por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, foi preso no mês seguinte, acusado de tentar obstruir as investigações ao buscar acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro menciona a possibilidade de ser acordado pela PF. No dia 22 deste mês, o ex-presidente afirmou que acorda todos os dias com a sensação de ter agentes na porta de sua casa.
Durante a entrevista, Bolsonaro fez uma comparação com Donald Trump, que reassumiu a presidência dos Estados Unidos recentemente. “Eu fui esfaqueado aqui. Ele levou um tiro aí”, disse, referindo-se aos ataques que ambos sofreram durante suas campanhas eleitorais.
O ex-presidente também traçou um paralelo entre os ataques golpistas ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e a invasão dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. “Ele teve o 6 de janeiro, eu, o 8 de janeiro. Eu fiquei muito feliz com a anistia que ele deu. Eu espero que não precisemos esperar eleger um conservador em 2026 para fazer o mesmo aqui”, afirmou.
Após retornar à Casa Branca, Trump perdoou 1,5 mil acusados pelo ataque ao Capitólio.
Sobre a delação de Mauro Cid, Bolsonaro classificou as declarações do ex-ajudante de ordens como “absurdas”, mas afirmou que o tenente-coronel estaria sendo pressionado.
Inelegível por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro afirmou ser o único nome capaz de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. “Hoje, eu sou a oposição contra Lula. Qualquer outro nome que concorrer tem um sério risco de perder”, disse.
O ex-presidente revelou que pretende pressionar o Judiciário com o apoio de organizações internacionais para viabilizar sua candidatura à Presidência. Além disso, planeja solicitar novamente a devolução de seu passaporte ao Supremo Tribunal Federal (STF) para comparecer ao congresso conservador CPAC, em Washington, no próximo mês.
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