Ministro do STF, Cristiano Zanin, analisa denúncia da PGR contra três políticos por corrupção e organização criminosa.
28 de Fevereiro de 2025 às 14h04

Zanin vota para tornar réus deputados do PL acusados de desvio de emendas parlamentares

Ministro do STF, Cristiano Zanin, analisa denúncia da PGR contra três políticos por corrupção e organização criminosa.

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (28) para tornar réus três deputados do Partido Liberal (PL) acusados de desvio de recursos relacionados a emendas parlamentares. O caso está sendo analisado pela Primeira Turma da Corte em um julgamento virtual que se estende até o dia 11 de março.

Zanin é o relator do processo, que envolve os deputados Josimar Maranhãzinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e o suplente Bosco Costa (PL-SE). Eles são acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de organização criminosa e corrupção passiva.

A denúncia aponta que, em 2020, os parlamentares solicitaram ao então prefeito de São José de Ribamar (MA) o pagamento de propina no valor de R$ 1,66 milhão, em troca da destinação de R$ 6,67 milhões em recursos públicos federais ao município, por meio de emendas que eles patrocinavam.

Se a denúncia for aceita pelo STF, uma ação penal será aberta e os deputados serão levados a julgamento na Corte. O colegiado que analisa o caso é composto por Zanin, além dos ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino, conhecidos por sua postura rigorosa em questões penais.

Durante sua manifestação, Zanin destacou que a tese acusatória sustenta que os denunciados se organizaram de maneira arquitetada para cometer delitos contra a Administração Pública. Ele afirmou que a investigação reuniu “elementos consistentes” através de documentos, planilhas e depoimentos.

“Contra os três parlamentares há evidências produzidas ao longo da investigação criminal indicando que teriam atuado em concertação ilícita para solicitar ao prefeito José Eudes Sampaio Nunes o pagamento de vantagem indevida, o que caracteriza, em tese, o delito de corrupção passiva”, disse Zanin.

O ministro também mencionou que os recursos das emendas envolvidas no esquema foram liberados nas datas de 30 de dezembro de 2019 e 22 de abril de 2020, período que abrange a hipótese criminal sustentada pela PGR.

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As defesas dos deputados argumentaram pela rejeição da denúncia, alegando falta de provas e a ausência de descrição das condutas consideradas criminosas. A PGR, por sua vez, alegou que os deputados comercializaram indevidamente as emendas, com base em anotações, mensagens e áudios obtidos pela Polícia Federal.

De acordo com a denúncia, Josimar Maranhãzinho liderava o suposto esquema e tinha influência sobre as emendas dos colegas. O escritório do deputado foi alvo de busca e apreensão, onde foram encontradas anotações de controle sobre cobranças de emendas destinadas a diversos municípios.

Além disso, a PGR destacou mensagens trocadas entre os deputados, que continham informações sobre dados bancários para o depósito das vantagens obtidas. A investigação também revelou que Bosco Costa utilizava sua esposa e filho na destinação de parte dos recursos indicados pela suposta organização criminosa, que contava com agiotas, blogueiros e empresários.

Os investigadores relataram que o grupo exigia, inclusive sob ameaças com armas, a devolução de 25% dos valores das emendas destinadas à saúde de São José de Ribamar.

Esse caso é emblemático, pois representa a primeira análise pelo STF após um embate com o Congresso Nacional sobre o uso de emendas. O Supremo havia suspendido repasses, exigindo maior transparência e rastreabilidade, o que gerou desconforto entre os congressistas. Atualmente, há pelo menos 27 investigações em andamento sobre supostos desvios milionários envolvendo emendas.

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