O ministro do STF, Alexandre de Moraes, propôs ação penal contra Léo Índio, primo de filhos de Jair Bolsonaro, por atos antidemocráticos.
21 de Fevereiro de 2025 às 17h41

Moraes vota por tornar Léo Índio réu por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, propôs ação penal contra Léo Índio, primo de filhos de Jair Bolsonaro, por atos antidemocráticos.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (21) a favor de tornar Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, réu em um processo penal. A decisão se baseia em sua suposta participação nos ataques ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.

Léo Índio, que é primo dos filhos mais velhos de Jair Bolsonaro, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado da União.

A análise da denúncia está sendo realizada pela Primeira Turma do STF em um ambiente virtual, onde os ministros enviam seus votos remotamente. A sessão de julgamento teve início às 11h de hoje e se estenderá até as 23h59 da próxima sexta-feira (28). Até o momento, Moraes foi o único a votar.

Em seu voto, o ministro destacou que “o denunciado, conforme narrado na denúncia, não só participou das manifestações antidemocráticas como também instigou e colaborou ativamente para os atos de depredação ocorridos no dia 08/01/23 contra as sedes dos Três Poderes”.

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A PGR fundamentou a denúncia em publicações feitas por Léo Índio em redes sociais durante os eventos de 8 de janeiro. Em uma dessas postagens, ele é visto ao lado de outros apoiadores de Bolsonaro, na parte superior do Congresso Nacional, que foi invadido por centenas de pessoas naquela ocasião. Em outra publicação, Léo Índio aparece próximo à sede do STF, que estava sendo invadida e depredada.

Além disso, a PGR informou que Léo Índio frequentava um acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, onde apoiadores de Bolsonaro incitavam uma intervenção militar.

A defesa de Léo Índio nega as acusações, argumentando que a denúncia é inepta por não individualizar as condutas criminosas e que não cabe ao STF julgá-lo, uma vez que ele não possui prerrogativa de foro. Em defesas semelhantes apresentadas por outros réus dos eventos de 8 de janeiro, a maioria dos ministros do STF tem rejeitado esses argumentos, reafirmando a competência da Corte para o caso.

Os ataques de 8 de janeiro estão sendo considerados sob a perspectiva de crimes multitudinários, caracterizados como “uma ação conjunta, perpetrada por inúmeros agentes, direcionada ao mesmo fim”, conforme explicou Moraes em seu voto.

O ministro enfatizou que, em crimes dessa natureza, a individualização detalhada das condutas enfrenta barreiras intransponíveis devido à própria característica coletiva da ação, mas ressaltou que “todos contribuem para o resultado”.

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