Ministro da Fazenda afirma que governo aguardará decisões concretas antes de se pronunciar sobre taxação de aço e alumínio.
10 de Fevereiro de 2025 às 13h38

Haddad: Brasil só se manifestará após implementação de tarifas de Trump

Ministro da Fazenda afirma que governo aguardará decisões concretas antes de se pronunciar sobre taxação de aço e alumínio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira (10) que o governo brasileiro só se manifestará sobre a possível taxação de 25% nas importações de aço e alumínio, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a efetivação das medidas. A declaração foi feita durante sua chegada ao Ministério da Fazenda, onde participou de uma reunião no Tribunal de Contas da União (TCU).

Haddad ressaltou que a decisão do governo é esperar por “decisões concretas” e não por anúncios que possam ser mal interpretados ou revistos. “O governo tomou uma decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. O governo vai aguardar a decisão oficial antes de qualquer manifestação”, afirmou o ministro.

No último domingo (9), Trump havia anunciado que detalharia nesta segunda-feira a imposição de tarifas sobre as importações de aço e alumínio de todos os países, incluindo o Brasil. Embora o presidente americano não tenha mencionado diretamente o Brasil, o país é um dos principais exportadores desses produtos para os Estados Unidos, com cerca de 48% das exportações de aço brasileiras tendo como destino o mercado americano.

O impacto financeiro das novas tarifas pode ser significativo, com um total aproximado de US$ 6,5 bilhões em vendas de aço e alumínio para os Estados Unidos. Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a política comercial de Trump, que está prestes a ser intensificada, representa um “jogo de perde-perde” para ambos os países.

Haddad também foi questionado sobre a possibilidade de o Brasil retaliar com tarifas sobre as big techs norte-americanas, mas reafirmou que o governo aguardará a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a implementação das medidas pelos Estados Unidos.

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O chefe da Casa Branca, em sua fala, mencionou que a nova tarifa não afetará todos os países igualmente, pois alguns já têm tarifas similares. “Aqueles que estão tirando vantagem dos EUA, teremos reciprocidade”, disse Trump, enfatizando a necessidade de um tratamento comercial justo.

Além disso, Trump fez comentários sobre o Canadá, sugerindo que o país não seria o que é sem o comércio com os Estados Unidos. Ele insinuou que, se os canadenses aceitassem a proposta de se tornarem o 51º estado americano, pagariam menos impostos.

Em resposta a uma possível taxação dos produtos brasileiros, Lula já havia afirmado em janeiro que o Brasil aplicaria reciprocidade. “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os EUA. Não tem nenhuma dificuldade”, disse o presidente.

O governo brasileiro, liderado pelo Itamaraty sob a direção do ministro Mauro Vieira, está adotando uma postura cautelosa e pragmática, aguardando o anúncio oficial das tarifas para decidir sobre qualquer ação. Até o momento, não houve comunicação direta entre os presidentes brasileiro e americano.

O contexto atual é de expectativa, uma vez que a ameaça de Trump não é novidade para a comunidade internacional. Durante seu primeiro mandato, ele já havia imposto tarifas similares e, posteriormente, concedido isenções a diversos países, incluindo o Brasil e o Canadá. A nova administração de Joe Biden também estendeu benefícios tarifários a outros continentes, em um cenário de crescente tensão comercial.

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