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Pesquisa Atlas revela rejeição a mudanças na Ficha Limpa e divisão sobre anistia
Levantamento aponta que 83% dos brasileiros são contra flexibilizar a Ficha Limpa; anistia a golpistas tem apoio de 51%.
Uma pesquisa realizada pela AtlasIntel e divulgada neste domingo, 16, revela que a maioria da população brasileira se opõe a alterações na Lei da Ficha Limpa. O estudo também mostra uma divisão de opiniões sobre a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, temas que têm sido centrais na agenda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.
De acordo com os dados, 83% dos entrevistados se manifestaram contra a redução do prazo de inelegibilidade para políticos que se enquadram na Lei da Ficha Limpa, enquanto apenas 14% apoiam essa mudança. A questão da anistia, por sua vez, apresenta um cenário mais equilibrado, com 51% a favor e 49% contra, configurando um empate técnico dentro da margem de erro.
A pesquisa foi realizada para o programa GPS CNN e contou com a participação de 817 pessoas, recrutadas aleatoriamente na internet entre os dias 11 e 13 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Os dados revelam que os maiores apoiadores da anistia são os eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2022, com 99% de apoio, e os que se identificam como evangélicos, com 93%. Em contrapartida, a maior resistência à proposta vem dos eleitores de Lula, com 96% se posicionando contra.
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Entre os eleitores de Bolsonaro, há uma maior tolerância em relação à flexibilização da Ficha Limpa. Dentre aqueles que votaram nele na última eleição presidencial, 58% se opõem à mudança, enquanto 34% a apoiam. Já entre os eleitores de Lula, a rejeição à proposta é total, com 100% se manifestando contrários.
Atualmente inelegível até 2030 devido a duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro defende o fim da Lei da Ficha Limpa como uma estratégia para retornar à disputa presidencial em 2026. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ex-presidente afirmou que deseja “acabar” com a referida lei.
Entretanto, os dados do TSE contradizem essa perspectiva. Em uma análise recente, foi mostrado que, na última eleição municipal, tanto o PT quanto o PL tiveram um número semelhante de candidatos barrados, mesmo com o partido de Bolsonaro lançando mais nomes do que o de Lula.
Para tentar reabilitar o ex-presidente, a bancada bolsonarista na Câmara dos Deputados está articulando a aprovação de um Projeto de Lei do deputado Bibo Nunes (PL-RS), que propõe a redução do período de inelegibilidade de oito para dois anos para políticos condenados. Essa mudança poderia abrir caminho para que Bolsonaro concorresse novamente à Presidência, embora especialistas alertem que isso dependeria da aprovação do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além das questões relacionadas à Ficha Limpa e à anistia, a pesquisa também investigou a opinião dos brasileiros sobre outras propostas em tramitação no Congresso. O aumento do número de deputados federais foi amplamente rejeitado, com 97% dos entrevistados se posicionando contra. A manutenção do controle do Congresso sobre emendas parlamentares impositivas gerou opiniões divididas: 50% são contrários, 32% a favor e 19% não souberam responder. Por outro lado, o corte de gastos públicos é a proposta mais bem aceita, com 54% de apoio e 28% de rejeição.
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