Entidade de auditores fiscais critica ministro da Fazenda por ignorar demandas e priorizar outros setores; greve já dura três meses.
18 de Fevereiro de 2025 às 08h10

Greve na Receita Federal é atribuída a Fernando Haddad pela Unafisco

Entidade de auditores fiscais critica ministro da Fazenda por ignorar demandas e priorizar outros setores; greve já dura três meses.

A Unafisco Nacional, que representa os auditores fiscais da Receita Federal, responsabilizou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela greve que já se estende por três meses. A entidade argumenta que o ministro não atendeu às demandas dos servidores do Fisco, o que gerou descontentamento na categoria.

De acordo com a Unafisco, a situação se agravou com a decisão do governo de conceder um reajuste de 19% aos servidores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), enquanto os auditores fiscais tiveram seus salários congelados. A associação considera que esse tratamento desigual foi a “gota d’água” que motivou a paralisação.

Os auditores e delegados das principais regiões administrativas da Receita, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, comunicaram que estão operando em “modo de obrigações funcionais mínimas”, o que compromete a fiscalização do órgão. A greve, que começou em 26 de novembro de 2024, já impactou significativamente o comércio exterior brasileiro.

Estima-se que cerca de 500 mil mercadorias de importação e exportação estejam retidas nos aeroportos devido à paralisação. Além disso, a Unafisco aponta que R$ 15 bilhões em transações tributárias estão pendentes desde o ano passado, o que representa um grande impacto na arrecadação federal.

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O movimento grevista evidencia, segundo a Unafisco, falhas estruturais na administração da Receita Federal e uma crise de governança que pode afetar ainda mais a imagem do governo, que já enfrenta desafios relacionados à baixa aprovação popular.

Além disso, a entidade destaca que esta é a segunda greve em menos de um ano, o que demonstra um cenário inédito de insatisfação entre os auditores fiscais. A falta de diálogo e a priorização de outras áreas pelo ministro Haddad são vistos como fatores que alimentaram a revolta da categoria.

O impacto da greve na arrecadação federal é significativo. A Unafisco informa que a paralisação travou R$ 15 bilhões em transações tributárias pendentes e interrompeu julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que envolvem R$ 51 bilhões em disputas fiscais.

Com a greve, setores como farmacêutico, automotivo e agronegócio estão entre os mais afetados, com atrasos de até 30 dias na liberação de cargas em aeroportos como Guarulhos e Viracopos. A situação se agrava à medida que a mobilização dos auditores continua, sem que haja uma resposta do Ministério da Fazenda ou da Receita Federal sobre as reivindicações apresentadas.

A Unafisco reafirma que a greve é uma resposta à falta de valorização do trabalho dos auditores fiscais e à necessidade de um tratamento mais equitativo entre as diferentes categorias que atuam sob a mesma pasta. O espaço permanece aberto para que o governo se manifeste sobre a situação e busque uma solução para o impasse.

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