A decisão, confirmada pelo governo Trump, deve afetar a capacidade da Ucrânia em enfrentar forças russas no campo de batalha.
05 de Março de 2025 às 21h53

EUA interrompem compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, impactando operações militares

A decisão, confirmada pelo governo Trump, deve afetar a capacidade da Ucrânia em enfrentar forças russas no campo de batalha.

Os Estados Unidos anunciaram a interrupção do compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, uma medida que pode comprometer a eficácia das operações militares ucranianas contra as forças russas. A decisão foi confirmada nesta quarta-feira (5) pelo diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Ratcliffe, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, em um contexto de crescente tensão nas relações entre Washington e Kiev.

A suspensão do compartilhamento de informações ocorre um dia após a Casa Branca ter confirmado a interrupção de novos pacotes de ajuda militar ao país europeu, que há três anos enfrenta uma agressão russa. A Ucrânia vinha contando com o suporte financeiro e militar dos EUA para enfrentar a invasão.

Nas últimas semanas, o governo Trump, que assumiu em janeiro, tem se distanciado do presidente ucraniano Volodimir Zelenski e buscado abrir canais de diálogo com o Kremlin. Essa mudança de postura gerou preocupações em Kiev e entre aliados europeus, que temem que os EUA estejam abandonando a Ucrânia em meio ao conflito.

Embora a Casa Branca não tenha fornecido detalhes específicos, estima-se que mais de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,9 bilhões) em armamentos e suprimentos de munição, que já estavam prontos para envio à Ucrânia, tenham sido suspensos. Essa decisão foi tomada após uma série de reuniões na Casa Branca na segunda-feira, onde Trump e seus assessores discutiram a situação.

A medida deve permanecer em vigor até que a Ucrânia demonstre um comprometimento nas negociações de paz com a Rússia, segundo fontes que falaram sob condição de anonimato. A decisão de Trump ocorre logo após um tenso encontro entre ele e Zelenski, onde o presidente americano pressionou o ucraniano a aceitar um acordo rápido e incondicional para encerrar o conflito.

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Em uma entrevista ao canal Fox Business, John Ratcliffe mencionou a “pausa” no compartilhamento de informações, afirmando que Trump tinha dúvidas sobre o comprometimento de Zelenski com o processo de paz. Ratcliffe também indicou que essa pausa poderia ser suspensa em breve, ressaltando que os EUA desejam trabalhar com a Ucrânia para alcançar a paz.

Mike Waltz, por sua vez, confirmou que os EUA “deram um passo atrás” no compartilhamento de inteligência, informando que Washington está revisando todos os aspectos do relacionamento com a Ucrânia. Os ucranianos foram notificados sobre a suspensão anteriormente.

O impacto dessa decisão é significativo, pois a interrupção do compartilhamento de informações pode dificultar a capacidade da Ucrânia de realizar ataques aéreos eficazes e monitorar os movimentos das forças russas. A falta de dados sobre alvos estratégicos pode comprometer as operações militares no campo de batalha.

Enquanto isso, Zelenski se esforça para reparar as relações com os EUA após o encontro conturbado com Trump e seu vice-presidente, JD Vance. O presidente ucraniano enviou uma carta conciliatória, expressando sua disposição para negociar e colaborar com a administração americana sob a liderança de Trump.

Além disso, especialistas alertam que a eficácia das restrições ao compartilhamento de inteligência dependerá do que exatamente foi interrompido. A Ucrânia já demonstrou capacidade de utilizar inteligência de fontes abertas e humanas para identificar alvos russos, o que pode mitigar os efeitos da suspensão.

A situação permanece em evolução, com a expectativa de que as negociações de paz possam influenciar a reavaliação das decisões tomadas por Washington em relação à Ucrânia.

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