Mahmoud Khalil, que liderou protestos contra Israel, foi detido por agentes de imigração em Nova York; advogado contesta legalidade.
10 de Março de 2025 às 08h33

Ativista palestino é preso pelo ICE na Universidade de Columbia, afirma advogado

Mahmoud Khalil, que liderou protestos contra Israel, foi detido por agentes de imigração em Nova York; advogado contesta legalidade.

Na noite de sábado, Mahmoud Khalil, um ativista palestino e estudante de pós-graduação, foi preso por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) em seu apartamento na Universidade de Columbia, em Nova York. O advogado de Khalil, Amy Greer, informou que a prisão ocorreu após a alegação de que seu visto de estudante havia sido revogado, embora ele esteja legalmente no país como residente permanente, portador de green card.

Segundo Greer, durante a detenção, um dos agentes do ICE afirmou que estavam agindo sob ordens do Departamento de Estado dos EUA, que teria determinado a revogação do visto de Khalil. A advogada contestou essa afirmação, explicando que seu cliente não estava em situação irregular.

“Os agentes do ICE insistiram em detê-lo mesmo após sermos informados de sua condição legal”, disse Greer. Ela também relatou que, em uma ligação, os agentes interromperam a conversa, dificultando a comunicação sobre a situação de Khalil.

Após a prisão, a esposa de Khalil, que está grávida de oito meses e é cidadã americana, tentou localizá-lo em um centro de detenção do ICE em Elizabeth, Nova Jersey, mas foi informada de que ele não estava lá. Há indícios de que ele possa ter sido transferido para uma instalação em Louisiana.

A advogada apresentou um pedido de habeas corpus em nome de Khalil, contestando a validade de sua detenção e a falta de informações sobre seu paradeiro. “Atualmente, não sabemos onde ele está sendo mantido”, acrescentou Greer.

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A prisão de Khalil ocorre em um contexto de crescente repressão a ativistas estudantis nos Estados Unidos, especialmente aqueles que criticam a política israelense em relação à Palestina. Greer afirmou que a detenção de seu cliente é parte de uma estratégia do governo para silenciar vozes que se opõem à repressão em Gaza.

O presidente Donald Trump, em suas redes sociais, havia ameaçado cortar o financiamento federal de universidades que permitissem protestos considerados ilegais, afirmando que “agitadores” seriam deportados. Essa postura tem gerado preocupações entre estudantes e defensores dos direitos civis.

A Universidade de Columbia, em comunicado, reafirmou seu compromisso com a legalidade e a proteção dos direitos de seus alunos. A instituição declarou que a entrada de agentes de segurança em suas instalações requer um mandado judicial.

Além disso, organizações de direitos civis, como o Conselho de Relações Islâmicas da América (CAIR), manifestaram apoio a Khalil, destacando que ele não possui antecedentes criminais e que sua prisão representa um ataque à liberdade de expressão. A CAIR prometeu continuar a luta por seus direitos legais.

As alegações contra Khalil estão relacionadas a sua suposta participação no grupo Apartheid Divest da Universidade de Columbia, onde teria ajudado a organizar um evento de protesto que glorificou ações de grupos considerados terroristas por parte do governo dos EUA.

“Recebi cerca de 13 alegações contra mim, a maioria relacionada a postagens em redes sociais com as quais não tenho ligação”, afirmou Khalil em uma declaração anterior. Ele enfatizou que a ação do governo visa intimidar a expressão de apoio à causa palestina.

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