Decisão do STF permite que inquéritos de políticos continuem na Corte mesmo após o fim de seus mandatos.
11 de Março de 2025 às 21h47

Supremo Tribunal Federal amplia foro privilegiado para investigações após mandatos

Decisão do STF permite que inquéritos de políticos continuem na Corte mesmo após o fim de seus mandatos.

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 7 votos a 4, ampliar o foro privilegiado para políticos, permitindo que investigações continuem na Corte mesmo após o término de seus mandatos. A decisão foi tomada na última terça-feira e altera a interpretação anterior, que limitava o foro a crimes cometidos durante o exercício do cargo.

A nova regra estabelece que as investigações de autoridades devem prosseguir no STF, independentemente de elas terem deixado as funções em que supostamente cometeram os crimes. O ministro Gilmar Mendes, relator da proposta, argumentou que a mudança é necessária para evitar que políticos escapem de processos ao renunciar ou não se reeleger.

O julgamento foi retomado após um pedido de vista do ministro Nunes Marques, que se juntou à maioria para apoiar a nova interpretação. Os ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux foram os únicos a votar contra a ampliação do foro privilegiado.

Atualmente, se um político com foro no STF comete um crime sem relação com o cargo, como homicídio ou furto, a investigação é encaminhada para a primeira instância da Justiça. No entanto, se o crime estiver relacionado ao mandato, a investigação permanece no STF, mas apenas enquanto o político estiver no cargo.

“A prerrogativa de foro para julgamento de crimes praticados no cargo e em razão das funções subsiste mesmo após o afastamento do cargo, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados depois de cessado seu exercício”, afirmou Mendes durante a sessão.

Essa nova interpretação já foi aplicada em casos como o do ex-ministro Silvio Almeida, que enfrenta um inquérito por acusações de assédio sexual. O entendimento do STF é que a continuidade dos processos é fundamental para garantir a responsabilização de autoridades mesmo após o término de seus mandatos.

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A decisão foi motivada por um habeas corpus apresentado pela defesa do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que é acusado de operar um esquema de “rachadinha” durante seu tempo como deputado federal. A defesa argumentou que o processo deveria tramitar no STF devido à prerrogativa de foro.

Com a nova regra, processos que envolvem deputados federais e senadores que tenham cometido crimes durante o exercício de suas funções continuarão a ser julgados pelo STF, mesmo após o fim de seus mandatos. Essa mudança poderá impactar diversos casos em andamento na Corte.

O ministro Gilmar Mendes ressaltou que a atual interpretação da lei permite que políticos se esquivem de julgamentos ao deixarem seus cargos, um cenário que a nova decisão busca evitar. “O parlamentar pode, por exemplo, renunciar antes da fase de alegações finais para forçar a remessa dos autos a um juiz que, aos seus olhos, é mais simpático aos interesses da defesa”, disse Mendes.

Essa decisão do STF representa uma mudança significativa no tratamento de casos envolvendo políticos e poderá influenciar futuras investigações e processos na Corte.

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