Ministro do STF deu prazo de 10 dias para Câmara e Senado se manifestarem sobre norma controversa
18 de Março de 2025 às 15h32

Flávio Dino exige explicações do Congresso sobre novas regras de emendas parlamentares

Ministro do STF deu prazo de 10 dias para Câmara e Senado se manifestarem sobre norma controversa

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu um prazo de 10 dias para que a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentem suas justificativas sobre a nova resolução aprovada no Congresso, que permite a manutenção do anonimato dos parlamentares responsáveis por emendas de comissão.

A decisão foi tomada após o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) acionarem o STF, alegando que as novas regras infringem determinações anteriores da corte. A norma, aprovada na última quinta-feira, 13, foi apresentada como uma medida para aumentar a transparência na destinação das emendas, mas, segundo os críticos, abre brechas que dificultam a identificação dos autores das indicações.

As novas diretrizes estabelecem que as emendas podem ser indicadas individualmente ou por meio das bancadas partidárias, o que, segundo opositores, permite que apenas os líderes partidários sejam identificados como responsáveis pelos repasses, ocultando a autoria original das emendas.

Flávio Dino, que também é relator de ações relacionadas ao tema no STF, já havia enfatizado a importância da identificação dos autores das emendas em diversas decisões. O PSOL, por sua vez, solicitou que o ministro determine que o Congresso se abstenha de propor ou aprovar qualquer medida que contrarie as orientações do STF.

Na sua determinação, Dino não fez uma avaliação prévia sobre o texto aprovado, mas apenas pediu que os órgãos se manifestem. “Ante o exposto, à vista da necessidade de melhor esclarecimento dos fatos, intimem-se a Advocacia-Geral da União, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a fim de que se manifestem acerca da referida Petição, no prazo comum de 10 (dez) dias úteis”, afirmou o ministro.

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A nova resolução foi aprovada com 361 votos favoráveis e 33 contrários na Câmara, enquanto no Senado recebeu 64 votos a favor e três contra. Apenas os partidos Novo e PSOL se manifestaram contra a proposta, que foi elaborada em conjunto entre os Três Poderes.

Durante as discussões sobre a resolução, parlamentares levantaram preocupações sobre a falta de transparência nas emendas, defendendo que a identificação de cada deputado e senador responsável pelas indicações deveria ser claramente registrada.

O conceito de “orçamento secreto” tem sido amplamente debatido nos últimos anos, referindo-se a emendas que não permitem a identificação dos parlamentares responsáveis pela destinação dos recursos, o que levanta sérias questões sobre a transparência na administração pública.

Desde dezembro de 2022, o STF tem trabalhado para disciplinar a proposição e liberação das emendas, considerando inconstitucionais aquelas que não atendem critérios mínimos de transparência e rastreabilidade.

O impasse em relação às emendas parlamentares é uma das principais causas para o atraso na votação do Orçamento de 2025, que ainda não foi analisado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso. A expectativa agora é que a votação ocorra em abril, devido à demora na apresentação do parecer do relator Ângelo Coronel (PSD-BA).

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