Comitê de Política Monetária sinaliza nova alta em maio, mas em menor magnitude
20 de Março de 2025 às 06h11

Banco Central eleva taxa Selic para 14,25% ao ano, maior nível desde 2016

Comitê de Política Monetária sinaliza nova alta em maio, mas em menor magnitude

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou nesta quarta-feira (19) um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 14,25% ao ano. Este ajuste marca o quinto aumento consecutivo da taxa desde setembro de 2024 e representa o maior nível desde outubro de 2016, quando o país enfrentava a crise política do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

A decisão foi unânime entre os diretores do Copom e já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, que havia antecipado a possibilidade de um novo aumento. O Copom indicou que a próxima reunião, agendada para maio, também deverá resultar em um novo aumento, embora em uma magnitude menor.

De acordo com o Banco Central, a decisão de elevar a Selic está alinhada com a estratégia de convergência da inflação em direção à meta estabelecida. O BC enfatizou que o objetivo primordial é garantir a estabilidade dos preços, ao mesmo tempo em que busca suavizar as flutuações na atividade econômica e promover o pleno emprego.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liderou sua segunda reunião do Copom e reiterou que a magnitude total do ciclo de alta de juros será determinada pelo compromisso firme de convergência da inflação à meta, que atualmente é de 3% ao ano. O Copom também destacou a importância de monitorar a evolução da inflação, as projeções e expectativas, além do hiato do produto, que mede o aquecimento da economia.

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Nos últimos meses, o cenário inflacionário no Brasil apresentou novos sinais de alerta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação, subiu de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro, ultrapassando o limite de tolerância de 4,5%. As expectativas de inflação para 2025 e 2026 também se deterioraram, com projeções subindo de 5,50% para 5,66% e de 4,22% para 4,48%, respectivamente.

Apesar dos desafios, há também notícias positivas que podem contribuir para a redução da inflação. O dólar, que estava em R$ 6,00 em janeiro, se estabilizou em torno de R$ 5,80, o que pode ajudar a controlar os preços. Além disso, o Banco Central observou que a atividade econômica, que atualmente está superaquecida, começa a mostrar sinais de perda de força, como evidenciado pela surpresa negativa no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2024, que foi de apenas 0,2%.

O BC afirmou que continuará a monitorar o ritmo da atividade econômica e o impacto do comportamento do câmbio nos preços internos, bem como as expectativas de inflação. A decisão de elevar a Selic foi, portanto, uma resposta a um cenário adverso e à necessidade de garantir a estabilidade econômica do país.

O aumento da taxa Selic é uma medida que pode impactar diversos setores da economia, especialmente o crédito e o consumo. A expectativa é que, com juros mais altos, o acesso ao crédito se torne mais restrito, o que pode influenciar o comportamento dos consumidores e das empresas.

O Banco Central, ao sinalizar um aumento menor na próxima reunião, indica que a elevação da Selic pode estar se aproximando do fim, mas que ainda é necessário cautela diante do cenário econômico atual.

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