Ministro da Fazenda responsabiliza ex-presidente do BC pelo novo patamar da taxa de juros e defende atual gestão.
22 de Março de 2025 às 15h45

Haddad critica Campos Neto e defende Galípolo após aumento da Selic para 14,25%

Ministro da Fazenda responsabiliza ex-presidente do BC pelo novo patamar da taxa de juros e defende atual gestão.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas ao ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, responsabilizando-o pelo recente aumento da taxa básica de juros, que agora se encontra em 14,25% ao ano, o maior índice desde 2016. Durante uma entrevista, Haddad destacou que a atual administração do BC, sob o comando de Gabriel Galípolo, não pode realizar mudanças drásticas na política monetária, referindo-se a isso como "dar um cavalo de pau".

Haddad afirmou que o novo patamar da Selic já estava "contratado" desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano passado, quando Campos Neto ainda estava à frente da instituição. "Na última reunião de dezembro, a decisão de aumentar a Selic foi tomada, e o aumento de juros estava previsto", explicou o ministro.

O Copom, que se reuniu na última quarta-feira (19), decidiu de forma unânime elevar a taxa em um ponto percentual, marcando a quinta alta consecutiva desde setembro do ano anterior. A decisão atende às expectativas do mercado financeiro, que já projetava essa elevação.

Haddad ressaltou que a nova gestão do BC, que inclui Galípolo e seus diretores, herda uma situação delicada, e que é fundamental que eles administrem essa herança com responsabilidade. "Vocês não podem, na presidência do Banco Central, dar um cavalo de pau depois que se assume. Isso é uma coisa muito delicada", enfatizou.

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O ministro também comentou sobre a situação econômica do país, afirmando que o cenário atual exige uma política monetária mais restritiva, devido a pressões inflacionárias e a resiliência da atividade econômica. Ele destacou que o Copom está ciente das dificuldades e que a nova taxa de juros deve vigorar por pelo menos 45 dias, até a próxima reunião do colegiado.

Haddad ainda abordou a questão da inflação, afirmando que não acredita que o Brasil precise entrar em recessão para controlar os preços. "É possível administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável sem que a inflação saia do controle", disse.

O aumento da Selic é uma resposta às expectativas de inflação, que se deterioraram nos últimos meses. O Copom, ao justificar a alta, mencionou a necessidade de uma política monetária mais contracionista diante de um cenário marcado por desancoragem das expectativas de inflação e pressões no mercado de trabalho.

Por fim, Haddad não se pronunciou sobre a postura do ex-ministro Paulo Guedes, que não deverá comentar o assunto neste momento. A expectativa é que o BC continue a monitorar a situação econômica e tome novas decisões conforme necessário nas próximas reuniões.

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