
Trump Media e Rumble processam Moraes nos EUA por suposta censura a plataformas
Ação judicial pede responsabilização do ministro do STF por ordens de censura a cidadãos e empresas norte-americanas.
A Trump Media, empresa ligada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a plataforma de vídeos Rumble, entraram com um novo processo na Justiça Federal da Flórida contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação, apresentada nesta sexta-feira (6), busca responsabilizar Moraes por suposta censura imposta a cidadãos e empresas norte-americanas.
As empresas alegam que Moraes violou a Primeira Emenda da Constituição dos EUA ao emitir “ordens secretas de censura extraterritorial” que afetam usuários e plataformas sediadas nos Estados Unidos. A Trump Media e a Rumble já haviam movido uma ação similar em fevereiro, argumentando que as decisões do ministro constituem uma violação das liberdades de expressão e de operação das empresas.
Segundo os documentos apresentados, as ordens de Moraes exigem que plataformas como a Rumble removam conteúdos e bloqueiem usuários, mesmo que essas ações sejam protegidas pela legislação americana. O processo destaca que a imposição de tais ordens por um juiz brasileiro sobre empresas americanas é considerada uma violação do direito internacional.
O CEO da Rumble, Chris Pavlovski, já havia desafiado Moraes publicamente, afirmando que a empresa não cumpriria ordens que considerava ilegais. “A Rumble não cumprirá suas ordens ilegais. Em vez disso, nos veremos no tribunal”, declarou Pavlovski em uma postagem nas redes sociais.


Na nova ação, as empresas solicitam que a Justiça dos EUA declare as ordens de Moraes “inexequíveis” no território americano e que o ministro seja responsabilizado civilmente pelos danos causados. Além disso, pedem uma liminar que impeça Moraes de forçar terceiros, como Apple e Google, a remover o aplicativo Rumble de suas lojas de aplicativos.
A Trump Media e a Rumble argumentam que as ordens de Moraes não apenas ferem a liberdade de expressão, mas também ameaçam o compromisso histórico dos Estados Unidos com um debate aberto e robusto. O processo cita exemplos de censura a outros críticos do governo brasileiro, incluindo jornalistas e cidadãos americanos, que também foram alvos de ações judiciais no Brasil.
O inquérito da fake news, do qual Moraes é relator, é mencionado como uma das ferramentas utilizadas para perseguir adversários do governo brasileiro. O caso do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que reside nos EUA e é alvo de investigações, é destacado como um exemplo do alcance das ordens de Moraes.
As empresas pedem ainda que a Justiça reconheça a responsabilidade pessoal de Moraes pelas supostas violações e que outras reparações sejam concedidas conforme a Justiça considerar adequado. A ação ocorre em um contexto de crescente tensão entre as autoridades brasileiras e o governo dos EUA, que já sinalizou a possibilidade de sanções contra Moraes por suas ações.
Em fevereiro, uma juíza da corte federal da Flórida já havia decidido que as empresas americanas não são obrigadas a cumprir ordens expedidas por Moraes, afirmando que tais decisões não têm efeito obrigatório nos Estados Unidos. A disputa judicial entre as partes continua a se intensificar, levantando questões sobre a jurisdição e a soberania legal entre os dois países.
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