Reconstrução da Faixa de Gaza pode custar até US$ 70 bilhões, estima ONU
Organização das Nações Unidas aponta que US$ 20 bilhões são necessários nos próximos três anos para reabilitar a região devastada.
GENEBRA, 14 de outubro. A reconstrução da Faixa de Gaza, devastada por conflitos recentes, pode exigir até US$ 70 bilhões, segundo estimativas apresentadas por Jaco Cilliers, representante especial do Programa de Assistência ao Povo Palestino da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante uma coletiva de imprensa, Cilliers destacou a necessidade urgente de recursos para reabilitar a infraestrutura da região.
De acordo com a Avaliação Rápida de Dano e Necessidades (RDNA), realizada em conjunto pela ONU, pela União Europeia e pelo Banco Mundial, a quantia de US$ 70 bilhões é necessária para restaurar os danos causados pela guerra. Cilliers não especificou um prazo para a conclusão da reconstrução, mas enfatizou a importância de priorizar as necessidades imediatas da população.
“É uma estimativa muito difícil de fazer. Precisamos começar priorizando quais são as necessidades mais urgentes”, afirmou Cilliers. Ele acrescentou que o objetivo da avaliação não é apenas identificar os danos, mas também determinar quais áreas devem ser restauradas primeiro, ressaltando que nem todas as regiões poderão ser recuperadas.
A ONU estima que cerca de 55 milhões de toneladas de escombros resultantes da destruição de infraestrutura em Gaza precisam ser removidas. O representante da ONU destacou que, para o próximo triênio, é necessário um investimento inicial de US$ 20 bilhões para tornar a vida viável na região.
Cilliers, que atua no Programa de Desenvolvimento da ONU (Pnud), informou que até o momento foram removidas 81 mil toneladas de entulho, o que equivale ao volume de 31 mil caminhões. A prioridade atual é abrir o acesso para agentes humanitários, permitindo que a ajuda chegue à população afetada, além de limpar hospitais e serviços sociais.
Como parte da estratégia de recuperação, 13.200 toneladas de entulho foram reutilizadas, podendo ser empregadas na pavimentação de estradas e na construção de abrigos temporários.
O trabalho de reconstrução enfrentará desafios significativos, incluindo a necessidade de lidar com cadáveres sob os escombros e o risco de projéteis não detonados, conforme alertou Cilliers.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, participou de uma reunião com líderes internacionais, incluindo representantes dos Estados Unidos e do Egito, para discutir a situação em Gaza e as estratégias de apoio à reconstrução.
Na mesma ocasião, o Fundo Central de Resposta a Emergências (Cerf) anunciou a liberação de US$ 11 milhões para atender às necessidades urgentes da população, incluindo alimentos, água, assistência médica e abrigo, à medida que o inverno se aproxima.
O Cerf já havia disponibilizado anteriormente US$ 9 milhões para garantir o fornecimento de combustível para hospitais e serviços essenciais, totalizando um financiamento de US$ 20 milhões para atender às demandas imediatas.
A ONU e seus parceiros estão expandindo rapidamente as operações em Gaza, à medida que o acesso melhora, com o objetivo de fornecer assistência vital a áreas que estavam isoladas por meses. No entanto, um aumento significativo no financiamento é crucial, diante das enormes necessidades da população local.
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