O ex-líder francês, condenado a cinco anos de prisão, é o primeiro ex-presidente encarcerado desde a Segunda Guerra Mundial.
21 de Outubro de 2025 às 09h04

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, é preso após condenação por conspiração

O ex-líder francês, condenado a cinco anos de prisão, é o primeiro ex-presidente encarcerado desde a Segunda Guerra Mundial.

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França entre 2007 e 2012, foi preso nesta terça-feira, 21 de outubro, na penitenciária La Santé, em Paris. A detenção ocorre após sua condenação a cinco anos de prisão por envolvimento em um esquema de financiamento ilegal de campanha, relacionado a recursos obtidos do regime de Muammar Khadafi, na Líbia, durante sua campanha presidencial de 2007.

O ex-chefe de Estado, que se tornou o primeiro ex-presidente francês a ser encarcerado desde a Segunda Guerra Mundial, chegou à prisão acompanhado de sua esposa, Carla Bruni. O trajeto foi marcado por um forte aparato policial e pela presença de apoiadores que entoaram o hino nacional e demonstraram solidariedade ao ex-presidente.

Antes de sua entrada na prisão, Sarkozy cumprimentou os apoiadores, mas não fez declarações à imprensa. Em uma mensagem publicada em suas redes sociais, ele afirmou: “Neste momento em que me preparo para entrar na prisão, meus pensamentos estão com os franceses. Não é um ex-presidente que está sendo preso, mas um homem inocente.”

A condenação de Sarkozy foi proferida pelo tribunal de Paris, que o considerou culpado de associação criminosa. O tribunal concluiu que ele permitiu que seus colaboradores, Claude Guéant e Brice Hortefeux, se encontrassem com autoridades líbias para discutir um financiamento não declarado para sua campanha.

Após a sentença, a defesa de Sarkozy anunciou que iria recorrer da decisão e solicitou a liberdade provisória enquanto aguarda o julgamento do recurso. O ex-presidente, que sempre se declarou inocente, afirmou que a prisão apenas reforça sua determinação em provar sua inocência.

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Durante o julgamento, o tribunal não encontrou provas suficientes de que Sarkozy tivesse recebido ou utilizado diretamente os recursos líbios, mas considerou que ele tinha conhecimento do esquema de arrecadação ilegal. A decisão de mantê-lo preso foi justificada pela gravidade da acusação e pela necessidade de preservar a confiança do público nas instituições.

O ex-presidente, que já enfrentou outros processos judiciais, incluindo uma condenação anterior por corrupção, permanece em uma ala especial da prisão, com condições diferenciadas de detenção. Seus advogados afirmaram que ele está em regime de isolamento por questões de segurança.

A prisão de Sarkozy gerou reações polarizadas na França. Enquanto muitos de seus apoiadores expressaram solidariedade, críticos alertaram para o risco de interferência política no sistema judicial. O atual presidente, Emmanuel Macron, se reuniu com Sarkozy poucos dias antes da prisão, destacando a importância da independência do Judiciário, mas também reconhecendo a dimensão humana do caso.

O ex-presidente, que já foi uma figura central do conservadorismo francês, viu sua influência diminuir nos últimos anos, especialmente após sua derrota nas primárias de 2016 e o avanço de seus processos judiciais. Nascido em Paris em 1955, Sarkozy é advogado e cientista político, filho de um imigrante húngaro e de uma mãe judia. Ele foi eleito prefeito de Neuilly-sur-Seine aos 28 anos e, posteriormente, ocupou cargos de destaque no governo francês.

A situação de Sarkozy levanta questões sobre a relação entre política e justiça na França, um tema que continua a ser debatido amplamente na sociedade francesa. A defesa do ex-presidente já anunciou que pretende escrever um livro sobre sua experiência na prisão.

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