Decisão do STF permite nomeações de parentes em cargos políticos, desde que comprovada qualificação técnica.
27 de Outubro de 2025 às 09h00

STF autoriza nomeação de parentes para cargos políticos, com restrições

Decisão do STF permite nomeações de parentes em cargos políticos, desde que comprovada qualificação técnica.

BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) formou uma maioria nesta quinta-feira (23) para autorizar a nomeação de parentes para cargos de natureza política, como secretários e ministros. O placar final foi de 6 votos a 1, consolidando a tendência do tribunal em permitir exceções à regra do nepotismo.

O julgamento, que teve início a partir de um recurso extraordinário com repercussão geral, estabelece um entendimento vinculante que deverá ser seguido por tribunais e administrações públicas em todo o Brasil. A decisão é um desdobramento da Súmula Vinculante nº 13, que proíbe a prática de nepotismo, mas cuja aplicação a cargos políticos gerava divergências.

Os ministros que votaram a favor da manutenção da prática foram Luiz Fux (relator), Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. O único voto contrário foi do ministro Flávio Dino, que argumentou que a nomeação de parentes fere o princípio da moralidade pública.

O julgamento foi suspenso e será retomado na próxima semana, quando os votos dos ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Edson Fachin ainda serão apresentados.

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A origem do caso remonta à cidade de Tupã (SP), onde uma lei municipal permitia a nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos de secretários. O Tribunal de Justiça de São Paulo considerou a norma inconstitucional, mas o município recorreu ao STF, argumentando que a natureza política dos cargos deve permitir essa prática.

A decisão do STF pode impactar diversas prefeituras, como em Dom Joaquim (MG), onde o prefeito foi denunciado pelo Ministério Público por nomear seu filho para três secretarias. Com a nova interpretação, situações semelhantes poderão continuar, desde que os nomeados comprovem qualificação técnica e não haja subordinação direta.

O resultado do julgamento reforça a autonomia política dos chefes do Executivo, mesmo diante de questionamentos sobre a moralidade das nomeações. O tema é controverso e divide opiniões entre especialistas e órgãos de controle em todo o país.

O relator Luiz Fux destacou que a proibição de nomeação de parentes não se aplica a cargos políticos, desde que sejam respeitados os critérios de qualificação técnica e idoneidade moral. Ele também enfatizou que a prática de nepotismo cruzado, onde autoridades trocam favores ao nomear parentes, está vedada.

O debate sobre nepotismo na política é complexo e envolve questões éticas e legais, além de refletir sobre a necessidade de transparência e impessoalidade na gestão pública. A continuidade do julgamento e a definição final do STF serão fundamentais para o futuro das nomeações em cargos políticos no Brasil.

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