Presidente brasileiro reiterou sua posição contra ações militares dos EUA e defendeu diálogo em encontro com Trump.
04 de Novembro de 2025 às 18h02

“Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre” na Venezuela, afirma Lula

Presidente brasileiro reiterou sua posição contra ações militares dos EUA e defendeu diálogo em encontro com Trump.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, nesta terça-feira, 4, em Belém, sua oposição a uma possível invasão terrestre dos Estados Unidos na Venezuela. Durante uma entrevista a agências de notícias internacionais, incluindo a AFP, Lula enfatizou a importância do diálogo para resolver conflitos políticos, afirmando: “Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre [da Venezuela por forças militares dos Estados Unidos]”.

A declaração de Lula ocorre em um momento de crescente tensão na região, em meio a uma mobilização militar significativa promovida pelo presidente americano, Donald Trump, que está realizando operações contra supostos narcoterroristas no Caribe. Essas ações já resultaram em várias mortes e levantaram preocupações sobre a possibilidade de um conflito armado.

O presidente brasileiro, que se prepara para liderar a cúpula de líderes da COP30 do clima em Belém, também recordou sua conversa com Trump, na qual destacou que “problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogos”. O encontro entre os dois líderes aconteceu no mês passado em Kuala Lumpur, na Malásia.

Lula sugeriu que os Estados Unidos poderiam contribuir para a luta contra o tráfico de drogas na América Latina, em vez de adotar uma postura militarista. “Eles poderiam ajudar os países em seu combate ao tráfico de drogas em vez de tentar atirar contra esses países”, declarou.

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A questão da Venezuela será um dos temas abordados na próxima cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), marcada para os dias 9 e 10 de novembro na Colômbia. Lula indicou que a situação do país vizinho será discutida entre os líderes da região.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que é acusado por Trump de liderar um cartel de drogas, tem afirmado que a verdadeira intenção dos Estados Unidos é “impor uma mudança de regime” em Caracas e se apropriar do petróleo venezuelano.

Recentemente, a proposta de Lula de mediar a crise na Venezuela foi recebida com desconfiança por figuras da oposição venezuelana, como María Corina Machado, que rejeitou a ideia de um facilitador brasileiro nas negociações. Em entrevista, ela afirmou que “algo assim nunca seria aceito pelos cidadãos venezuelanos”.

Machado, que se encontra em situação delicada dentro do território venezuelano, defendeu a necessidade de ações militares dos EUA na região, afirmando que a população venezuelana já foi derrotada nas urnas e questionando a legitimidade da proposta de Lula.

A posição de Lula em relação à Venezuela e seu apelo por diálogo em vez de confrontos armados refletem sua estratégia diplomática em um momento em que as tensões na América Latina estão em alta. A expectativa é que a cúpula da Celac traga novas discussões sobre a crise venezuelana e as relações entre os países da região.

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