PGR solicita condenação de grupo por tentativa de golpe de Estado no Brasil
O procurador-geral Paulo Gonet pede a condenação dos 'kids pretos' por ações golpistas, incluindo planos para assassinar autoridades.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta terça-feira, 11, a condenação do grupo conhecido como "kids pretos", composto majoritariamente por militares, por sua participação em uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. O procurador-geral, Paulo Gonet, argumentou que os réus, que fazem parte do núcleo 3 da denúncia, estavam envolvidos em ações que visavam a ruptura da ordem democrática.
O julgamento, que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF), é o primeiro sem a presença do ministro Luiz Fux, que recentemente pediu transferência para a Segunda Turma. Gonet destacou que os acusados agiram com "disposição homicida e brutal" para implementar um plano que incluía a execução de autoridades, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O procurador enfatizou que os réus não apenas discutiram, mas também arquitetaram um golpe, utilizando suas experiências e conhecimentos em estratégias militares. Segundo ele, o grupo planejou ações táticas para neutralizar e assassinar figuras-chave do governo, o que representa uma grave ameaça à estabilidade do país.
O núcleo 3 é composto por dez réus, incluindo nove militares de alta patente e um agente da Polícia Federal. Eles respondem por cinco crimes, entre os quais a tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e a participação em organização criminosa armada. Gonet afirmou que os réus se articularam para pressionar o alto comando das Forças Armadas a apoiar seus planos golpistas.
Durante sua manifestação, o procurador mencionou que os "kids pretos" eram responsáveis pelas ações mais violentas do grupo e que, após as eleições de 2022, eles se organizaram para realizar uma "ação de forte impacto social" que justificasse um decreto golpista pelo então presidente Jair Bolsonaro.
O plano, batizado de "Punhal Verde e Amarelo", incluía técnicas operacionais militares e a criação de um "Gabinete Institucional de Gestão de Crise". As investigações revelaram que o grupo não aceitou o resultado das eleições e estava disposto a utilizar a força para reverter a situação.
Gonet também mencionou que a PGR já havia condenado outros envolvidos na trama golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado o líder do movimento. O julgamento atual se restringe à leitura do relatório e às sustentações orais da acusação e defesa, com sessões adicionais programadas para os dias 18 e 19 deste mês.
Os réus foram acusados de planejar ações táticas e de disseminar desinformação para apoiar seus intentos golpistas. A PGR argumenta que o grupo, ao não aceitar o resultado das eleições, promoveu um ambiente de instabilidade que poderia ter consequências graves para a democracia brasileira.
O procurador-geral concluiu que a atuação do núcleo 3 foi decisiva para a execução do plano golpista e que os réus devem ser responsabilizados por suas ações, que colocaram em risco a ordem constitucional do país.
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